Uma média de 18 armas de fogo foi apreendida por dia no Ceará, de janeiro a outubro deste ano. Houve crescimento de 8,3% nas ocorrências, numa comparação com o mesmo período do ano passado. O número saltou de 5.119 para 5.544 casos. Levando em consideração somente outubro, o aumento foi de 11,8%. No período, foram apreendidos 13 fuzis no Estado. Na tarde da última terça-feira, 10, o 14º armamento de grosso calibre do ano foi recolhido pela Polícia. Detalhes da ação foram divulgados ontem.
A apreensão foi em Pacatuba, na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF). Na ocasião, foi preso Carlos Alexandre Aberto da Silva, 39, conhecido como Castor, apontado como líder do tráfico de drogas no Jardim das Oliveiras e em bairros adjacentes. Alexandre tinha três mandados de prisão em aberto por homicídio e é considerado o principal executor da chamada Chacina da Cinquentinha, que deixou cinco pessoas mortas no último dia 30 de agosto, na comunidade do Tancredo Neves, no bairro Jardim das Oliveiras.
O fuzil calibre 556 foi achado enterrado nos arredores da chácara onde Alexandre estava. Conforme o delegado George Monteiro, titular da 4ª Delegacia da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), a arma foi encontrada após uma tentativa de fuga do suspeito, que portava uma pistola calibre ponto 45. George realizou a operação em parceria com policiais do 6º Distrito Policial, comandado pelo delegado Osmar Berto.
Fuzil
No mesmo buraco onde o fuzil estava, os policiais encontraram 95 munições de calibre 556, 13 munições de ponto 40 e 10 cartuchos de calibre 12. “Também encontramos diversas munições deflagradas que certamente foram usadas no dia da chacina. No interrogatório, ele confessou o uso dessas armas na chacina”, disse Osmar Berto. Pistola e fuzil apreendidos têm calibre de uso exclusivo das Forças Armadas.
Dos cinco suspeitos de participação direta na chacina, três continuam foragidos: Hélio Maike Alves de Lima, 22, filho de Alexandre; Luan Brito da Silva, 21; e Robson Agostinho da Silva, 26. Este último é irmão de Roberto Bruno Agostinho da Silva, 22, que foi preso no dia 2 de setembro, em Cascavel. Com ele foi apreendido um revólver calibre 38.
Chamou a atenção dos delegados o fato de que, dos cinco suspeitos, quatro serem parentes entre si. Segundo o delegado George, no interrogatório, Alexandre disse que havia abandonado a organização criminosa, mas teria participado da chacina porque o filho estava sendo ameaçado. As investigações, porém, apontam para o contrário.
Saiba mais
Conforme as investigações da Polícia Civil, a Chacina do Cinquentinha foi motivada pela disputa por território para o tráfico de drogas. “Eles pretendiam matar um desafeto que estava na rua, mas conseguiu escapar. Por isso, passaram a atirar a esmo, atingindo as pessoas que estavam na comunidade. As investigações apontam, inclusive, que nenhuma delas tinha ligação com o crime organizado na área”, disse o delegado George Monteiro.
O delegado Osmar Berto informou que dois adolescentes teriam participado do crime, mas ainda não foram identificados pela Polícia. O ataque foi realizado por sete pessoas, que fariam parte da quadrilha que atua na comunidade Tasso Jereissati, no Tancredo Neves. O grupo é rival da Comunidade da Cinquentinha, na mesma região.
Os grupos conviviam pacificamente, até o homicídio de Antônio José dos Santos Santiago, que seria um dos líderes da quadrilha de Castor. A chacina tinha como objetivo vingar a morte de Antônio.
O POVO