quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Ibope: Marina cai, Dilma cresce e abre 22 pontos

Pesquisa nacional Ibope em parceria com o Estado mostra que Dilma Rousseff (PT) abriu 22 pontos sobre a segunda colocada, Marina Silva (sem partido), na corrida presidencial. Em julho, a diferença era de 8 pontos. Desde então, a presidente cresceu em ambos os cenários de primeiro turno estimulados pelo Ibope, enquanto Marina perdeu seis pontos, se distanciando de Dilma e ficando mais ameaçada pelos outros candidatos.
No cenário que tem Aécio Neves como candidato do PSDB, Dilma cresceu de 30% para 38% nos dois últimos meses. Ao mesmo tempo, Marina caiu de 22% para 16%. Aécio oscilou de 13% para 11%, enquanto Eduardo Campos (PSB) foi de 5% para 4%. A taxa de eleitores sem candidato continua alta: 31% (dos quais, 15% dizem que votarão em branco ou anularão, e 16% não sabem responder).
O cenário com José Serra como candidato do PSDB não tem diferenças relevantes: Dilma tem 37%, contra 16% de Marina, 12% de Serra e 4% de Campos. Nessa hipótese, 30% não têm candidato: 14% de branco e nulo, e 16% de não sabe. Não há cenário idêntico a esse em pesquisa anterior do Ibope para comparar.
Nos dois cenários, Dilma tem intenção de voto superior à soma de seus três adversários: 37% contra 32% (cenário Serra) e 38% contra 31% (cenário Aécio). Isso indica chance de vitória no primeiro turno. Mas convém lembrar que praticamente 1 em cada 3 eleitores não tem candidato e ainda falta um ano para a eleição.
A atual corrida presidencial tem sido marcada por altos e baixos dramáticos. Em março, Dilma chegou a 58% de intenções de voto, segundo o Ibope. Despencou para 30% em julho, e, agora, recuperou um terço dos eleitores que perdera. Essas oscilações podem se repetir até a hora de o eleitor ir às urnas, em 2014.
O Ibope fez a pesquisa entre os dias 12 e 16 de setembro, em todas as regiões o Brasil. Foram entrevistados 2.002 eleitores, face a face. A margem de erro máxima é de 2 pontos porcentuais, para mais ou para menos, num intervalo de confiança de 95%.
Segundo turno. Não foi apenas no cenário estimulado de primeiro turno que Dilma se distanciou de Marina. Na simulação de segundo turno entre as duas, a petista venceria a rival por 43% a 26%, se a eleição fosse hoje. Em julho, logo depois dos protestos em massa que tomaram as ruas das metrópoles, Dilma e Marina estavam tecnicamente empatadas: 35% a 34%, respectivamente.
Segundo as simulações do Ibope, tanto faz se o candidato do PSDB for Aécio ou Serra. Se a eleição fosse hoje, a presidente venceria ambos por 45% a 21% num segundo turno. Contra Eduardo Campos, a vitória seria mais fácil: 46% a 14%. 
Estadão

'The Economist' questiona capacidade de reação do Brasil

De um foguete que apontava para o alto para uma aeronave desgovernada nos céus. Essa é a comparação feita pela capa da revista britânica The Economist ao tratar da evolução do Brasil nos últimos quatro anos. A edição distribuída na América Latina, que chega às bancas neste fim de semana, tem na capa uma imagem do Cristo Redentor fazendo piruetas no céu do Rio de Janeiro com a pergunta: "Has Brazil blown it?". A questão pode ser traduzida como "O Brasil estragou?" ou "O Brasil se perdeu?".

A reportagem especial de 14 páginas sobre o Brasil é assinado pela jornalista Helen Joyce, correspondente da revista no País. "Na década de 2000, o Brasil decolou e, mesmo com a crise econômica mundial, o País cresceu 7,5% em 2010. No entanto, tem parado recentemente. Desde 2011, o Brasil conseguiu apenas um crescimento anual de 2%. Seus cidadãos estão descontentes - em julho, eles foram às ruas para protestar contra o alto custo de vida, serviços públicos deficientes e a corrupção dos políticos" diz a revista.

"Pode Dilma Rousseff, a presidente do Brasil, reiniciar os motores?", pergunta a publicação. "Será que a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos oferecerão ajuda para a recuperação do Brasil ou simplesmente trarão mais dívida", questiona a revista. O conteúdo da revista ainda não está disponível na íntegra na internet.

Na capa, a Economist fez uma auto referência a uma capa da própria publicação que ficou conhecida no Brasil ao mostrar o mesmo Cristo Redentor decolando como se fosse um foguete. "O Brasil decola" foi capa da edição de 12 de novembro de 2009, quando a revista rasgava elogios ao País que, naquele momento, crescia rapidamente a despeito da crise financeira global.

Interferência

A reportagem afirma ainda que Dilma Rousseff tem sido relutante ou incapaz de enfrentar problemas estruturais do Brasil e interfere mais que o antecessor na economia, o que tem assustado investidores estrangeiros para longe de projetos de infraestrutura e mina a reputação conquistada a duras penas pela retidão macroeconômica".

Para a revista, a falta de ação do governo Dilma é a principal razão para o chamado "voo de galinha" do País, em referência ao baixo crescimento econômico. "A economia estagnada, um Estado inchado e protestos em massa significam que Dilma Rousseff deve mudar de rumo", resume o editorial da publicação.

O texto reconhece que outros emergentes também desaceleraram após o boom que teve o auge em 2010 para o Brasil. "Mas o Brasil fez muito pouco para reformar seu governo durante os anos de boom", diz a revista. Um dos problemas apontados pela reportagem é o setor público, que "impõe um fardo particularmente pesado para o setor privado". Um dos exemplos é a carga tributária que chega a adicionar 58% em tributos e impostos sobre os salários. Esses impostos são destinados a prioridades questionadas pela The Economist. "Apesar de ser um país jovem, o Brasil gasta tanto com pensões como países do sul da Europa, onde a proporção de idosos é três vezes maior", diz o texto que também lembra que o Brasil investe menos da metade da média mundial em infraestrutura.

Problemas antigos

A publicação reconhece que muitos desses problemas são antigos, mas Dilma Rousseff tem sido "relutante ou incapaz" de resolvê-los e criou novos "interferindo muito mais que o pragmático Lula". "Ela tem afastado investidores estrangeiros para longe dos projetos de infraestrutura e minou a reputação conquistada a duras penas pela retidão macroeconômica incomodando publicamente o presidente do Banco Central a cortar a taxa de juro. Como resultado, as taxas estão subindo atualmente mais para conter a inflação persistente", diz o texto. "A dívida bruta subiu para 60% ou 70% do PIB - dependendo da definição - e os mercados não confiam na senhora Rousseff", completa o texto.

Apesar das críticas, a revista demonstra otimismo com o futuro a longo prazo do Brasil. "Felizmente, o Brasil tem grandes vantagens. Graças aos seus agricultores e empresários eficientes o País é o terceiro maior exportador de alimentos do mundo", diz o texto, lembrando que o País será um grande exportador de petróleo até 2020. The Economist elogia, ainda, a pesquisa em biotecnologia, ciência genética e tecnologia de gás e petróleo em águas profundas. Além disso, a revista lembra que, apesar dos protestos populares, o Brasil "não tem divisões sociais ou étnicas que mancham outras economias emergentes, como a Índia e a Turquia".
Fonte: Agência Estado

No Twitter, Deputado Federal dispara contra Ciro Gomes

Após o ex-ministro Ciro Gomes disparar contra a direção do PSB e o governador Eduardo Campos, pelo convite de ingresso na legenda feito aos seus rivais no Ceará, o líder da legenda na Câmara Federal, Beto Albuquerque (RG), utilizou a sua conta no Twitter (ver imagem acima) para rebater o ainda correligionário.
Ciro e o seu irmão, o governador Cid Gomes, estão de malas prontas para o recém-criado PROS. Os dois pretendem estabelecer um palanque para a presidente Dilma Rousseff no Ceará.
Blog Folhape

Brasil tem poucas razões para reeleger Dilma, diz The Economist

De um foguete, representado pelo Cristo Redentor, que apontava para o alto, imponente, para uma aeronave desgovernada nos céus, perto de colidir com o Corcovado. Essa é a comparação feita pela revista britânica The Economist ao tratar da evolução do Brasil nos últimos quatro anos. A edição distribuída na América Latina questiona se o Brasil, de fato, "estragou tudo", depois de ter sido, por um breve período, a estrela dos emergentes. Segundo a reportagem, a presidente Dilma Rousseff tem sido incapaz de enfrentar problemas estruturais do país e interfere mais que o antecessor na economia, o que tem assustado investidores estrangeiros para longe de projetos de infraestrutura e minado a reputação conquistada a duras penas pela retidão macroeconômica. A The Economist é categórica ao afirmar: "até agora, eleitores brasileiros têm poucas razões para dar a Dilma um segundo mandato".

O especial de 14 páginas sobre o Brasil é assinado pela jornalista Helen Joyce, correspondente da revista no país. "Na década de 2000, o Brasil decolou e, mesmo com a crise econômica mundial, o país cresceu 7,5% em 2010. No entanto, tem parado recentemente. Desde 2011, o Brasil conseguiu apenas um crescimento anual de 2%. Seus cidadãos estão descontentes - em julho, eles foram às ruas para protestar contra o alto custo de vida, serviços públicos deficientes e a corrupção dos políticos", informa a revista, que já chegou a pedir, com certa ironia, a saída de Guido Mantega do ministério da Fazenda.

Em 2009, em meio à crise econômica mundial, a revista fez também um especial de 14 páginas para ressaltar os anos de bonança do país, reproduzindo a imagem do Cristo decolando como se fosse um foguete. À época, a economia brasileira patinava, ainda sofrendo o impacto da turbulência nos Estados Unidos. Contudo, indicadores macroeconômicos estáveis acabaram contando mais, para a Economist, do que a retração econômica de 2009, de 0,2%.

Para a revista, a falta de ação do governo Dilma é a principal razão para o chamado "voo de galinha" do país, jargão usado para denominar situações em que países ou empresas têm um crescimento disparado, mas que não se sustenta. "A economia estagnada, um Estado inchado e protestos em massa significam que Dilma Rousseff deve mudar de rumo", informa a publicação.

O texto reconhece que outros emergentes também desaceleraram após o boom que teve o auge em 2010 para o Brasil. "Mas o Brasil fez muito pouco para reformar seu governo durante os anos de boom", diz a revista. Um dos problemas apontados pela reportagem é o setor público, que "impõe um fardo particularmente pesado para o setor privado". Um dos exemplos é a carga tributária que chega a adicionar 58% em tributos e impostos sobre os salários. Esses impostos são destinados a prioridades questionadas pela Economist. "Apesar de ser um país jovem, o Brasil gasta tanto com pensões como países do sul da Europa, onde a proporção de idosos é três vezes maior", diz o texto que também lembra que o Brasil investe menos da metade da média mundial em infraestrutura.

Problemas antigos - A publicação reconhece que muitos desses problemas são antigos, mas Dilma Rousseff tem sido "relutante ou incapaz" de resolvê-los e criou novos "interferindo muito mais que o pragmático Lula"."Ela tem afastado investidores estrangeiros para longe dos projetos de infraestrutura e minou a reputação conquistada a duras penas pela retidão macroeconômica, induzindo publicamente o presidente do Banco Central a cortar a taxa de juros. Como resultado, as taxas estão subindo, atualmente, mais para conter a inflação persistente", diz o texto. "A dívida bruta subiu para 60% ou 70% do PIB - dependendo da definição - e os mercados não confiam na senhora Rousseff", completa o texto. A Economist chega a ironizar, chamando a presidente de 'Dilma Fernández', que é o sobrenome de Cristina Kirchner, presidente da Argentina.

Apesar das críticas, a revista demonstra otimismo com o futuro a longo prazo do Brasil. "Felizmente, o Brasil tem grandes vantagens. Graças aos seus agricultores e empresários eficientes, o país é o terceiro maior exportador de alimentos do mundo", diz o texto, que menciona também o petróleo da camada pré-sal. A publicação elogia ainda a pesquisa em biotecnologia, ciência genética e tecnologia de óleo e gás em águas profundas. Além disso, lembra que, apesar dos protestos populares, o Brasil "não tem divisões sociais ou étnicas que mancham outras economias emergentes, como a Índia e a Turquia".

A Economist afirma que a presidente Dilma ainda tem tempo para começar reformas necessárias, fundindo ministérios e cortando gastos públicos, caso esteja disposta a colocar a "mão na massa". Mas, diante do atual cenário, a revista afirma que, ainda que a presidente esteja com foco no possível segundo mandato, os "eleitores brasileiros têm poucas razões para dar a ela a vitória".

Veja

Sete anos após rompimento, Tasso e Lúcio podem voltar a se aliar em 2014


O ex-governadorLúcio Alcântara (PR) afirmou, em entrevista ao Sistema Maior de Comunicação, na cidade de Quixeramobim, que tem pretensões de disputar vaga de deputado federal no próximo ano. Indagado sobre possível retorno deTasso Jereissati (PSDB) e conversas do PR com o PSDB em busca de uma aliança, Lúcio foi categórico:

"Eu não, mas Roberto Pessoa tem conversado com ele (Tasso). Até o momento não estou vendo que ele seja candidato a nada. Há possibilidade de termos uma coligação. Temos muito coisa em comum, mas não há nada decidido", disse.


Lúcio esteve em Quixeramobim nessa quarta-feira, participando da eleição da nova diretoria do PR na cidade, que agora tem como presidente o advogado Carlos Bolívar. Ele concedeu entrevista ao Programa Repórter Ceará.
Lúcio Alcântara foi eleito em 2002 como sucessor de Tasso Jereissati no Estado, mas os dois acabaram rompendo em 2006, quando Tasso resolveu apoiar a eleição de Cid Gomes (PSB) contra a reeleição de Lúcio.
com informações do Blog do Eliomar


PROS e Solidariedade receberão no mínimo R$ 600 mil antes de disputar qualquer eleição

Nos próximos 30 dias a infidelidade partidária está liberada. A criação de dois novos partidos, o Solidariedade e o Partido Republicano da Ordem Social (PROS), criou também uma janela para o troca-troca partidário e provocou um turbilhão no Congresso Nacional. No dia seguinte à aprovação das novas legendas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), sem analisar denúncias de fraudes na coleta de assinaturas, o dia no Congresso foi de intensas negociações dos dirigentes para atrair deputados. A expectativa entre líderes dos mais diversos partidos é que entre 25 e 50 deputados — o que representa de 5% a 10% da Câmara — troquem de sigla nos próximos dez dias. O dia 4 de outubro é a data-limite para os que desejam disputar as eleições de 2014 estarem em sua nova casa.
Além de estimular a infidelidade partidária, as duas novas legendas, sem ter um só voto, nascem com promessa de cofres cheios e já começam a receber as primeiras parcelas dos cerca de R$ 600 mil do Fundo Partidário a que terão direito por ano. Idealizador do Solidariedade, o deputado Paulo Pereira da Silva, ex-PDT, mais conhecido como Paulinho da Força, era cumprimentado a cada cinco passos que dava na Câmara. Já meio comprometido com a candidatura a presidente do tucano Aécio Neves (MG), seu novo partido provavelmente será o maior beneficiário do troca-troca.
O Solidariedade, no entanto, surge forte apesar de Paulinho declarar diuturnamente que está rompido com a presidente Dilma Rousseff e que, pessoalmente, tem o objetivo de apoiar a oposição nas eleições do próximo ano. Ontem, Paulinho fez uma visita a Aécio, pré-candidato do PSDB à Presidência, para agradecer ao apoio dele na criação do partido. O senador tucano evitou, no entanto, falar em alianças.
— A minha tendência é ir para o oposição e apoiar Aécio Neves. Mas a minha prioridade agora é filiar deputados federais. Depois, vamos discutir isso. Não sei quem está vindo, então, não posso fechar essa posição agora. O que combinei é que cada estado poderá negociar com quem quiser — disse Paulinho.
— É o primeiro partido que consegue se estruturar sem a bênção do governo e isso deve ser saudado. A pluralidade faz bem à democracia. Alianças serão discutidas no tempo certo — afirmou Aécio.
O partido mais prejudicado pelo surgimento das novas siglas deve ser o PDT, de onde vem Paulinho. Pelas contas dos dirigentes do Solidariedade e do PROS, sete dos 26 deputados podem deixar o partido nos próximos dias. A conta ainda pode crescer caso a Rede Sustentabilidade, da ex-senadora Marina Silva, consiga ser legalizada. Isso porque o deputado Reguffe — parlamentar proporcionalmente mais bem votado do país nas eleições de 2010 — vem conversando sobre a possibilidade de mudança para a nova legenda. O presidente nacional do PDT,
Carlos Lupi, passou ontem o dia em reuniões. Indagado sobre a possibilidade de perder 30% de sua bancada federal, foi cético:
— Não tenho ainda o número.
Mas cuidado, tem mais fofoca do que tudo — afirmou Lupi.
Se o Solidariedade pode auxiliar a candidatura do PSDB, o PROS tende a servir de apoio para a redução de danos na candidatura de Dilma Rousseff após a saída do PSB do governo. O governador do Ceará, Cid Gomes, vem sugerindo aos deputados com quem tem ligação para que migrem para o PROS.
Apesar do trabalho de coletar e certificar meio milhão de assinaturas, a criação de partidos é um grande negócio. Caso não tivessem um deputado sequer, as novas legendas receberiam por mês cerca de R$ 50 mil por mês. É o caso do PPL, que sem nenhum parlamentar, obteve em 2012 R$ 605,7 mil. Esse valor cresce substancialmente à medida que as bancadas engordam. Com 16 deputados, o pequeno PSC recebeu no ano passado R$ 10,8 milhões. Detentor da maior bancada do país, o PT, que tem 88 deputados, obteve no mesmo período, R$ 52,9 milhões.
Além do dinheiro na conta, os novos partidos têm em mãos um trunfo decisivo nas eleições majoritárias: o tempo de televisão na propaganda gratuita de rádio e TV Na eleição de 2010, cada deputado federal garantiu à campanha presidencial quase três se gundos na propaganda eleitoral.
Ontem na Câmara, líderes de legendas afetadas insinuavam que parlamentares estariam recebendo ofertas financeiras para migrar para as novas legendas. Nenhum, no entanto, assumia publicamente a denúncia. Indagado sobre as insinuações, Manato (PDT-ES), que está de malas prontas para o Solidariedade, negou que haja dinheiro para os parlamentares, mas admitiu que o novo partido promete repassar verbas para os diretórios estaduais.
Todos os partidos repassam verba para o estadual. É para ajudar a pagar água, luz, aluguel. Não é para mim, é para o partido se manter. Isso é fofoca para denegrir a imagem das pessoas _ rebateu Manato. (Colaborou Simone Iglesias).

PSB tenta conquistar a petista Luizianne Lins

Vencida ontem a etapa dos expurgos no Rio, com a abertura de um processo de intervenção no diretório regional, e com a saída já acertada do governador Cid Gomes (CE) e de seu grupo político, o PSB parte para nova etapa de conquistar aliados e viabilizar palanques para o presidente do partido e pré-candida-to à Presidência da República, governador Eduardo Campos (PE). No Ceará, há uma queda de braço entre PT e PSB pela ex-prefeita de Fortaleza Luizianne Lins. Nem Cid nem Cardoso foram à reunião em que Eduardo Campos avisou: — Ninguém é obrigado a ficar no partido. As pessoas podem fazer a disputa no voto, mas, se depois de derrotadas, não seguirem a decisão da maioria, não é um coletivo. Ou segue a decisão partidária, em respeito à democracia, ou então deixa o partido.
Isolada até agora pelo líder do PT na Câmara, deputado José Guimarães (CE), Luizianne recebeu convite para ingressar no PSB e disputar o govemo do estado no ano que vem. Ela tem encontro marcado hoje no Rio, onde mora, com integrantes da Executiva Nacional do PSB,
Para tentar segurar à ex-prefeita no PT, a presidente Dilma Rousseff já teria oferecido, de acordo com pessoas próximas a Luizianne, assento nos conselhos de administração da Petrobras e do BNDES, cargo de comando numa subsidiária da BNDESPAR, no Rio, além de um cargo na Secretaria de Políticas para Mulher da Presidência da República, que tem status de ministério.
— Estamos conversando. Luizianne é guerreira, tem muito voto. E quer ver os Ferreira Gomes descendo a serra — disse Eduardo Campos a interlocutores ontem.
— Ela (Luizianne) está dando um tiro no pé se sair do PT. Quero que ela fique e aceite as regras — disse Guimarães.
Afilhado político dos Ferreira Gomes, o prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio (PSB), que derrotou o candidato apoiado por Luizian-ne, ironizou ontem o convite para filiação:
— Eu sucedi a Luizianne em sua trágica gestão, principalmente pela incapacidade de promover mudanças. Normalmente, o julgamento político é feito nas eleições.
Coube a Roberto Cláudio formalizar ontem, em reunião da Executiva Nacional do PSB, a intenção de Cid e seu grupo político de deixar o partido. Eles levam 38 prefeitos, quatro deputados federais e dez estaduais. Apoiadores da reeleição da presidente, a situação dos Ferreira Gomes ficou insustentável no PSB.
O Globo

Banco do Brasil terá agência na China

O Banco do Brasil deve receber até o fim deste ano a terceira e última autorização necessária para abrir a primeira agência de um banco brasileiro em Xangai, na China. A instituição está presente no mercado chinês desde 2010 com um escritório de representação. A informação é do executivo Paulo Rogério Caffarelli, vice-presidente de Atacado, Negócios Internacionais e Private Bank do BB.
No mês passado, o regulador local, o China Banking Regulatory Commission(CBRC), realizou uma inspeção na unidade do BB e deve encaminhar documento solicitando o início dos negócios à autarquia em Pequim. Feita a análise dos documentos apresentados e do relatório da CBRC-Xangai contendo o resultado da inspeção, o banco poderá receber a licença para funcionamento da agência.
Após obter a última autorização necessária, o BB terá, segundo Caffarelli, um prazo de cerca de seis meses para transformar o escritório em agência. "Temos uma necessidade de cres- j cer na China por causa do volu- j me de negócios que o Brasil i vem fazendo com este país. Estamos na metade do caminho para transformar nosso escritório de representação em agência", disse o executivo, em entrevista ao Broadcast, sCrviço em tempo real da Agência Estado.
Em seu escritório de representação na China, 0 BB conta atualmente com 16 colaboradores, entre eles um gerente geral expatriado e 15 funcionários contratados localmente. Para transformá-lo em agência, a instituição deve contratar mais 20 pessoas, segundo Caffarelli.
Além do BB, o Itaú BBA, braço de atacado, tesouraria e investimentos institucionais do Itaú Unibanco, tem operação em Xangai e o Itaú Securitiés, corretora do conglomerado, mantém uma filial em Hong Kong. 
 Os números da balança comercial reforçam a importância da China para os bancos brasileiros. De janeiro a agosto, enquanto as exportações nacionais para os EUA recuaram 13,5% em relação ao mesmo período de 2012, para a China avançaram mais de 9%, na mesma base de comparação, somando quase US$ 32 btjhões. "O volume de exportações que o Brasil fazia para os EUA mudou sobremaneira para a China. Com isso, ela passou a ser de grande atratividade no cenário financeiro para o BB", afirma Caffarelli.

No Japão, o Banco do Brasil está presente há 41 anos, com agências em quatro cidades, subagências em mais três e 55 mil terminais de autoatendimento.

Com a decisão do Itaú de deixar o mercado japonês - informação antecipada pelo Estado na semana passada o Banco do Brasil reforçará sua presença no país. Os cerca de 30 clientes do Itaú estão sendo orientados a transferir suas contas para o BB.
Segundo Caffarelli, a instituição também está de olho em outros mercados, com destaque para Peru, Chile e Colômbia e Estados Unidos com foco em varejo. O objetivo da instituição é crescer tanto de maneira orgânica como via aquisições. No entanto, de acordo com o executivo, o momento atual dos mercados tem exigido "mais rigor" na análise de possíveis aquisições.
Em maio, o BB desistiu de comprar a unidade do espanhol Bankía nos EUA, o City National Bank of Florida. Pesou no apetite da instituição pública, conforme fontes ouvidas pelo Sroadcast, não só o curto prazo para avaliar os números do banco, mas, principalmente, a prisão do banqueiro espanhol Miguel Blesa, acusado de irregularidades na compra do City, quando ainda era presidente da Caja Madrid.
"Estamos mais rigorosos e conservadores nas análises de aquisições no exterior, mas sem deixar de avaliar oportunidades", afirma Caffarelli, acrescentando que não há uma urgência em relação ao projeto de expansão internacional dado ao contexto global.
O Banco do Brasil tem 50 pon tos de atendimento na sua rede no exterior, dos quais 35 são agências. A estratégia de expansão internacional consiste, conforme 0 vice-presidente do BB, em dar suporte às empresas brasileiras e às multinacionais que fazem negócios com o País.
Estado

PT e PMDB sinalizam reedição de aliança

 

No jogo político para 2014, o almoço na residência oficial de Águas Claras, que reuniu ontem petistas e peemedebistas, foi um lance com repercussões importantes. O governador Agnelo Queiroz (PT) recebeu o vice-governador, Tadeu Filippelli (PMDB), e os presidentes nacionais dos dois partidos, Ruy Falcão e o senador Valdir Raupp (RO), respectivamente do PT e PMDB, para discutir a reedição, nas próximas eleições, da aliança de sucesso em 2010. A imagem do possível compromisso, registrada pelos fotógrafos, provocou interpretações diversas. Em algumas fotos, os quatro políticos aparecem de mãos dadas, em sinal de união.
Depois do encontro, os discursos tinham tons diferentes. Agnelo comemorou a confirmação da parceria com o PMDB. Filippelli foi mais cauteloso. Disse que o almoço representou um "primeiro passo para a reedição da aliança". Independentemente da avaliação de cada um dos presentes, para o meio político, o recado foi claro.
Desavenças que levaram a um afastamento entre Agnelo e Filippelli podem ser superadas e a aliança tem tudo para se repetir. Basta apenas que o governador do DF e, principalmente, os petistas compreendam a importância de um possível acordo com os peemedebistas. A avaliação entre os partidários do governador é de que a aliança com o PMDB enfraquece o time adversário e, por isso, a parceria precisa ser mantida.
Caminho próprio
Nos últimos meses, o vice-governador foi procurado por aliados que o incentivaram a um projeto próprio. Filippelli seria candidato ao Palácio do Buriti contra a reeleição de Agnelo. Nessa empreitada, contaria principalmente com o apoio do antigo mentor, Joaquim Roriz, e também com a ajuda do ex-governador José Roberto Arruda. O grupo receberia ainda a adesão do ex-vice-governador Paulo Octávio e do senador Gim Argello (PTB).
Na última semana, no entanto, as negociações dos diferentes atores políticos dificultaram a formação de uma coligação encabeçada por Filippelli, principalmente pela dificuldade que Roriz tem enfrentado para ingressar em um partido forte. Ele não conseguiu se acertar com o PSD, com o PSDB, nem com o DEM (veja a matéria da página 28).
Há duas semanas, o próprio Roriz perguntou a um antigo interlocutor político a opinião a respeito dos gestos de Filippelli. A avaliação foi de que, embora haja uma pressão no PMDB para lançamento de candidatura própria, Filippelli terá dificuldades para romper com Agnelo. Para o governador do DF, a reunião de ontem tornou-se importante até para o funcionamento do governo.
"O encontro é um recado que passamos para nossas militâncias, do PT e do PMDB, de que temos intenção de reeditar a nossa aliança. Esse gesto sinaliza a unidade, de forma que possíveis divergências na base possam ser superadas", disse Agnelo ao Correio. Já para o vice-governador, o tempo dirá se a afinidade das eleições de 2010 será recuperada. "Foi um primeiro passo para a reedição da aliança", afirmou ao Correio.
Existe um desconforto de peemedebistas, que cobram mais participação nas decisões do governo. Outros sentem-se aliados excluídos. É o caso, por exemplo, dos deputados distritais Wellington Luís e Robério Negreiros, do PMDB. Valdir Raupp disse ao Correio que há pontos a serem ajustados, mas Agnelo demonstrou intenção de fazer os ajustes necessários. "No caso do DF, há uma boa vontade das duas partes. O almoço serviu até para afastar a ideia de que os dois partidos estavam estremecidos. (O acordo) Ainda não está totalmente decidido, mas é um ato simbólico que serve de até de referência nacional", afirma Raupp.
O presidente regional do PT, deputado Roberto Policarpo, está otimista. "Temos um compromisso de estarmos cada vez mais unidos no cotidiano do governo e de caminharmos juntos. Mas o martelo ainda não está batido, até porque as convenções só são no ano que vem", avalia o petista.
Briga em Santa Maria
A exoneração de Neviton Pereira Júnior da administração de Santa Maria, em agosto, por suspeitas de irregularidades, acirrou o embate entre PMDB e PT. A avaliação é de que o tratamento do governo Agnelo com o futuro candidato a deputado federal pelo PMDB não foi o de um aliado e sim de adversário.
Memória

Fim da polarização no DF
Em 2010, o PT e o PMDB uniram-se pela primeira vez em Brasília depois de se enfrentarem em todas as eleições anteriores para o governo. Foi um acordo costurado nacionalmente pelas cúpulas das legendas para a composição da chapa, encabeçada pela presidente Dilma Rousseff e que tinha como vice o presidente licenciado do PMDB, Michel Temer.
Convenção regional do partido, realizada em junho de 2010, aprovou, por 97 a 22 votos, a aliança entre peemedebistas e petistas. Foi derrotada no encontro a tese de lançamento de candidatura própria do PMDB ao Palácio do Buriti, defendida à época pelo então governador Rogério Rosso, que exercia um mandato tampão. Num primeiro acordo entre o PT e o PMDB, Rosso foi eleito chefe do Executivo pela Câmara Legislativa para administrar o DF por nove meses, depois da crise política que derrubou a administração liderada por José Roberto Arruda.
Para fechar a dobradinha com o petista Agnelo Queiroz, Filippelli desfez-se de uma parceria antiga que mantinha com o ex-governador Joaquim Roriz, de quem foi discípulo e principal aliado na condução das obras. O hoje vice-governador teve apoio nacional para impedir uma intervenção que desse a Roriz o controle dos rumos da legenda. Em seguida, Roriz desfiliou-se e migrou para o PSC, no qual se candidatou ao cargo de governador. Com problemas judiciais de elegibilidade, o ex-governador lançou a mulher, Weslian, na disputa com Agnelo, numa demonstração de que tem no clã familiar a sua prioridade na política.
O próprio Filippelli, que foi casado com uma sobrinha de dona Weslian, era considerado parte da família. Os dois, no entanto, estavam rompidos. Nos últimos meses, voltaram a se falar. O primeiro encontro ocorreu numa missa, em março, acertado por aliados de ambos.
Correio Braziliense

Paulinho diz que Dilma hoje é sua inimiga e promete apoiar oposição



O deputado federal Paulo Pereira da Silva, eleito por São Paulo, deixou ontem o PDT para se filiar ao novo partido que acaba de criar, o Solidariedade, e do qual será o presidente nacional. Seu objetivo é fazer oposição ao governo de Dilma Rousseff, a quem chama de "inimiga".

Em entrevista ao programa Poder e Política, da Folha e do UOL, Paulinho da Força Sindical (como é conhecido por presidir essa central de trabalhadores) afirmou que a tendência do Solidariedade é oferecer apoio à candidatura presidencial do senador Aécio Neves (PSDB-MG). E Dilma? "Não fez nada. Não cumpriu uma [promessa]. Nenhuma. E virou minha inimiga dois dias depois que foi eleita", declarou.
Durante a entrevista, o político de 57 anos fez inúmeras críticas à presidente e ao governo federal petista. "Ela [Dilma] vive hoje da fama que o Lula tinha nessa área [sindical]. Você pode ver. O discurso dela é: 'Porque o Lula fez, o Lula fez'. Pergunte o que ela fez? Ela não fez coisa nenhuma. Para os trabalhadores, não".
Paulinho cita compromissos que a petista fez durante a campanha eleitoral de 2010 com várias centrais sindicais. Por exemplo, o fim da fórmula conhecida como fator previdenciário para as aposentadorias da iniciativa privada. "Ela se comprometeu junto com o ex-presidente Lula. E não cumpriu coisa nenhuma. Eu não tenho como apoiar alguém que concorda fazer as coisas para os trabalhadores e no outro dia muda de lado. Ela não é minha mãe".
Antes de romper com o governo, Paulinho relata ter conversado com o padrinho político de Dilma. "Ela abandonou as causas trabalhistas. Eu falei isso para o Lula: 'Lula, não me peça para fazer nada por essa mulher que eu não faço'".
Com a expectativa da adesão de 30 deputados ao Solidariedade, Paulinho acredita que terá cerca de dois minutos de tempo de TV e rádio na propaganda política em 2014. Esse é o principal ativo que pretende colocar à disposição da oposição.
"No que depender de mim o meu partido vai para a oposição", diz ele. Sua preferência é por Aécio Neves --"é muito meu amigo"--, mas o deputado fala também numa outra configuração: "Vou trabalhar com ideia de fazer um acordo com o Aécio, Eduardo Campos [PSB] e Marina Silva: ter uma grande composição no segundo turno das eleições. Acho que esses três candidatos deveriam ter as condições iguais de disputar as eleições. E, aí, com o acordo de quem for melhor, no segundo turno, ter o apoio dos outros".
Uma possibilidade de Paulinho mudar de opinião seria a volta de Luiz Inácio Lula da Silva como candidato. Mas essa saída seria remota. "Se ele falar hoje que é candidato... ele acaba com o governo da Dilma. Se ele não fala e deixa para mais para frente, as pessoas vão assumindo outros compromissos. Então, ele sabe que está inviabilizado".
Outro reparo que o deputado faz sobre o funcionamento da administração petista inclui o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, comandado pelo petista Fernando Pimentel. "O ministro está mais preocupado em ser governador de Minas Gerais...Já fui lá 30 vezes e esse cara não atende ninguém. Pergunta ao setor industrial o que acontece? Diz que toda hora está falando com a [presidente] Dilma [Rousseff]. Pô, para de mentir. Não é possível que você fala com a Dilma toda hora", diz Paulinho.
Sobre as acusações de fraudes na coleta de assinaturas para criar o Solidariedade, Paulinho repetiu o que vem dizendo: "Foi tudo armado".
A seguir, trechos da entrevista:
Folha/UOL - Qual é o grau de envolvimento do sr. na criação do partido Solidariedade?
Paulo Pereira da Silva - Fizemos uma reunião, em novembro do ano passado, na casa aqui de Brasília do deputado Augusto Coutinho [DEM-PE], com cerca de 10, 12 deputados. Junto também com um grupo de sindicalistas, com [o advogado] Marcílio Duarte, que foi o nosso presidente até este momento. Decidimos criar o partido.
A partir de novembro, nós nos envolvemos nesse trabalho difícil de coleta de assinaturas e de registros do partido nos Estados. Teve o envolvimento de parlamentares, sindicalistas, do movimento sindical e até do MST.
Tivemos a preocupação de não falar demais. Se você fala demais você junta os amigos, mas junta também os adversários.

Qual o peso do apoio no meio sindical para criar o partido?
Tive o apoio de muita militância do movimento sindical, de líderes de fábricas, trabalhadores das fábricas, dos movimentos sociais, das comunidades de base. Dos trabalhadores sem terra, principalmente do Pontal do Paranapanema (SP), muita ajuda do pessoal do Zé Rainha, do João Paulo, que é um dos líderes do MST.

Por que o nome Solidariedade foi escolhido?
Nós tínhamos que criar um partido que tivesse um "T", por causa da minha origem [trabalhismo] e da origem das pessoas que estavam trabalhando, ou um "S"-de social, socialista.
Se você olhar na lista de partidos registrados no TSE, os 'T' e 'S' estão ocupados. Aí um deputado disse: 'Vamos por Solidariedade'.

Quem foi esse deputado?
Foi o Roberto Santiago (PSD-SP). Ele fez a sugestão de por Solidariedade. Ele não virá conosco, mas a sugestão de Solidariedade foi dele.

Tem alguma inspiração no Solidariedade comandado pelo [ex-presidente polonês] Lech Walesa?
Não, foi por falta de opção. Acabou ficando bonito.

O Solidariedade terá uma sigla?
A sigla que no estatuto é SDD. Parece um pouco esse negócio de mata-mosquito. É meio estranho.
SOL ia confundir com PSOL. PS já tem alguém que tinha assumido PS.
Se fosse SD, era só colocar o P para ficar PSD. Então a gente colocou SDD. Mas eu acho que devíamos trabalhar e mudar essa sigla. Solidariedade fica grande, mas também não dá pra gente ter uma sigla que não condiz um pouco com a nossa realidade.

Quando o sr. assume a presidência do Solidariedade?
Essa coisa de assumir a presidência deve ser nos próximos dias, mas nós estamos mais preocupados com quem será candidato em 2014.

Mas já está definido que o sr. assume a presidência do Solidariedade?
O nosso presidente é o Marcílio Duarte, a quem eu quero agradecer muito pelo trabalho que fez até agora. Marcílio é uma pessoa muito correta e muito competente. O acordo que nós tínhamos com ele é que eu assumiria a presidência. Mas já fizemos uma discussão de que ele será o secretário-geral nacional do partido e eu assumirei a presidência.

E isso deve acontecer nas próximas semanas?
Depois do prazo de filiação que termina no dia 5 [de outubro].

Por que durante o processo de criação do Solidariedade o sr. não aparecia formalmente como o principal líder desse novo grupo?
Porque estou num partido. Fui eleito pelo PDT. Se eu assumisse a criação de um partido desde o início eu teria grandes dificuldades dentro do meu partido.

Mas todo mundo já sabia...
Não, não sabia. Foi sabendo. Porque aí todo mundo começou a falar. Eu não podia assumir, não era esse o objetivo. Nós tínhamos colocado o Marcílio exatamente porque ele tinha uma experiência na criação. Eu tenho brincado que ele é o recordista mundial de criador de partido. Ele já criou sete, com esse.

Há uma crítica em relação à criação de partidos no Brasil. Para alguns, existem mais partidos do que seria necessário. Para outros, não. Qual a sua opinião?
Olha, se você pegar os Estados Unidos, me parece que tem mais de 80 partidos...

Qual a diferença entre lá e aqui, além desse número?
Se nós formos comparar com o número da população nós estamos parecidos.

A diferença é que aqui no Brasil os partidos, ao serem criados, já começam a receber dinheiro público. Nos Estados Unidos, não...
Não sei se é isso. Nós não temos esse objetivo de receber dinheiro público. Até porque...

Mas vai receber...
Vai receber porque faz parte do jogo.

Quais serão as duas ou três principais causas que o Solidariedade defenderá?
Uma das principais é acabar com o fator previdenciário. Essa questão é uma questão de honra para nós.

Explique o que é o fator previdenciário.
O fator previdenciário é uma maldita conta que inventaram que pega a aposentadoria da pessoa e derruba 40% quando você vai se aposentar, no mínimo. Se for homem. Se for mulher, vai perder mais.

Estamos tratando do setor privado.
Setor privado.

O governa rebate dizendo que sem o fator previdenciário o déficit da Previdência aumenta. Como o senhor rebate essa crítica?
É conversa fiada do governo. Porque nós estamos oferecendo em troca disso um novo sistema. Não é nem acabar com o fator previdenciário, é manter o fator e criar uma alternativa.

Qual alternativa?
Essa alternativa seria aquela fórmula 85/95. Combina o tempo de trabalho com a idade. Você se aposenta melhor.
Vou dar um exemplo: uma pessoa que começa a trabalhar aos 16 anos, que trabalha em uma única empresa, chegará aos 51 anos com 35 anos de contribuição. Se você somar 35 anos de trabalho com 51 de idade ele vai para 86. Faltariam 9.
Se essa pessoa quiser se aposentar, nós não podemos tirar os direitos de quem quiser se aposentar. Ele se aposenta, mas entra no fator. Se ele não quiser, o que nós estamos propondo é criar esse novo sistema. Aí, na nossa conta, faltariam 9, mas como cada ano de trabalho valem dois --porque é um ano de trabalho e um ano de idade--, faltariam quatro anos e meio. Aí você cria uma regra que vai subindo a aposentadoria da pessoa na medida que ela trabalha mais.
Portanto, o trabalhador vai ficar mais no emprego e vai contribuir mais com a Previdência --e a Previdência vai arrecadar até mais do que hoje.

Nesse seu exemplo, a pessoa começou a trabalhar aos 16 anos e, em tese, poderia se aposentar já aos 51 anos. É justo ter um sistema que permita a aposentadoria de pessoas com 51 anos?
Por isso que nós estamos propondo alternativa. Porque hoje, pode. Cai no fator previdenciário. Perde 40%, mas pode.
O que nós estamos propondo é incentivar o cara a trabalhar mais.

Com o fator esse incentivo não existe?
Não. Se ele ficar trabalhando, vai perder mais ainda, por causa da expectativa de vida. Cada vez que a expectativa de vida sobe, o fator diminui o salário. Quando as pessoas me perguntam, recomendo que se aposentem. Quanto mais você trabalhar, mais você vai perder. Nossa proposta é o contrário: estamos propondo um incentivo para a pessoa ficar trabalhando -e, portanto, arrecadar para Previdência e se aposentar melhor.

Cite outras duas causas que o Solidariedade vai defender.
Estão vindo muitos deputados ligados ao setor empresarial. Acho que temos que pegar essa causa da importação. Isso é um escândalo que vem acontecendo no Brasil. Setores industriais importantes sendo destruídos.

O Solidariedade defenderá impor dificuldades para a importação?
Nós temos que endurecer as regras de importação.

Não é melhor melhorar o ambiente de negócios para as empresas nacionais competirem?
É exatamente isso. Você tem que combinar.
A indústria têxtil no Brasil emprega hoje 1 milhão e 700 mil trabalhadores. Tem que incentivar esse setor a melhorar a tecnologia, produtividade e qualidade. Agora, não pode é quebrar o setor. O que o governo faz hoje é quebrar o setor. E reclamação todos os dias nesse Ministério da Indústria e Comercio não funciona. O ministro está mais preocupado em ser governador de Minas Gerais...

Quem que é o ministro?
Sei lá o nome, eu até esqueci.

Fernando Pimentel, do PT.
É esse aí mesmo. Eu já fui lá 30 vezes e esse cara não atende ninguém. Pergunta ao setor industrial o que acontece?
Eu vou lá e o cara [Fernando Pimentel] diz que toda hora está falando com a [presidente] Dilma [Rousseff]. Está falando com a Dilma... Pô, para de mentir. Não é possível que você fala com a Dilma toda hora. E além disso não atende nenhuma das demandas. Nenhuma, nenhuma.
Eu tive um episódio na época em que eu falava com a Dilma. Levei para ela uns tubinhos que o Brasil produzia. Esses tubos de cosméticos, que as mulheres usam. Aqueles tubinhos eram fabricados por 8 empresas.

Só a embalagem?
Só a embalagem, tubo. Aqueles tubos em que vai o creme dentro. Tínhamos 8 empresas. Em torno de 8 a 9 mil trabalhadores diretos. Para produzir no Brasil, há três anos, custavam R$ 36 cada mil tubinhos. A China estava pondo aqui dentro a R$ 3,50 aquele tubo. O que aconteceu? Levei lá e falei: "Isso aqui é um absurdo!".
Não deu outra. Eu levei duas vezes para a presidente Dilma e na última eu falei publicamente: "Presidente, eu te pedi duas vezes. Não precisa fazer mais nada porque as empresas todas quebraram". Não tem mais nenhum emprego nessa área. Ou seja, em vez de incentivar o nosso, de segurar esse produto pirata que tirava o emprego no Brasil, eles simplesmente deixaram entrar. Talvez por interesses particulares de alguém no ministério...

O Solidariedade vai ser um partido de centro, de direita, ou de esquerda?
Vai ser um partido de centro-esquerda. Não dá para dizer que é de esquerda, mas também não é um partido de centro, porque eu não me considero de centro. Lutei a minha vida inteira do lado das causas populares. Agora, vem gente comigo que está mais no centro. Então, diria que é um partido de centro-esquerda.

O sr. aceitará no seu partido deputados, senadores ou políticos que estão encrencados processos na Justiça?
Não terá problema, não. Importante para mim é o que ele defende. Que esteja defendendo as causas corretas. Porque se fosse pensar nisso, eu não poderia entrar. Eu devo ter uns dez processos. Sou presidente da Força Sindical. A Força Sindical teve processos e eu respondo como presidente. Isso não decide se ele filia ou não. Muitas vezes você tem processo por estar defendendo a coisa certa.

No dia 24 de setembro o TSE aprovou o registro definitivo do Solidariedade...
...Às 22 horas e 22 minutos, segundo o Jorge, meu assessor de imprensa.

...Às 22 horas e 22 minutos e havia 22 deputados presentes nas dependências do TSE, assistindo à sessão. Esses são deputados que entrarão para o Solidariedade?
Achamos que terá mais.

Quantos serão?
De 30 para cima.

Acima de 30?
Acima de 30.

De quais partidos devem sair esses deputados?
Do PDT devem vir uns 5 ou 6. Do PMDB, uns 2 ou 3.

O maior fornecedor de deputados será o PDT?
O maior será o PDT.

Depois, o PMDB?
Não dá para saber.

Mais quais serão os partidos de origens desses deputados?
PMDB, PR, PP, PEN, PHS...

PSD...?
Do PSD devem vir um ou dois. O PSD não perderá muitos deputados como o [Gilberto] Kassab previa.

Do PSB vai alguém para o Solidariedade?
Acho que sim. Um ou dois devem vir. Do PPS deve vir, um ou dois.

Quantos senadores, governadores ou prefeitos?
Até agora, temos um senador acertado, o Vicentinho [Alves] (PR), de Tocantins.

Governadores e vice-governadores, algum?
Nós não conversamos sobre isso. Tive algumas conversas com governadores. Começou a pegar mal essa história. Começaram a dizer que eu estava indo lá vender a legenda e eu parei. Não pode nem conversar...

Houve esse tipo conversa? Foi noticiado que o apoio seria no seguinte sentido: entram alguns deputados, faz-se o acordo e o tempo de TV do partido iria, oficialmente, naquele Estado, para o governador que ajudasse a trazer os deputados.
Esse é o desejo dos governadores.

Como assim?
Porque é tudo muita gente muito esperta. Você sabe por que, normalmente, em uma cidade tem só dois candidatos sempre? Porque o prefeito daquela cidade traz tudo quanto é legenda para o lado dele e a oposição fica lá com dois ou três. No Estado também é assim. Quando começa a surgir um partido com possibilidade de ser registrado, todo o mundo político começa a procurar.

O senhor foi procurado por qual governador?
Ah, foram vários. Não vou falar nomes.

E a oferta era qual? Eu ajudo a colocar deputados no seu partido e em troca você me apoia a minha reeleição?
Em troca eu controlo o partido aqui.
Mas aí eu parei de ir porque estava dando muito problema. Nesses Estados eu percebi que o governador estava querendo controlar.

O Solidariedade deve apoiar a reeleição do governador Geraldo Alckmin, do PSDB?
Exatamente. Nos outros Estados, vamos discutir. Tem que montar ainda os diretórios. Nosso partido não terá comissão provisória. Esse é um grande problema dos partidos.

Qual o prazo para o partido ter direções partidárias estaduais realmente eleitas e com poder de atuação autônomo nos Estados?
Você tem que cumprir estatuto. No início, tudo provisório. Hoje [25.set.2013] nós devemos estar pegando a senha do Filiaweb [sistema do Tribunal Superior Eleitoral para o cadastro de filiados]. Com isso poderemos autorizar as comissões provisórias, para que os Estados possam funcionar para fazer filiações.
Com essa senha, vamos fazer as comissões provisórias nos 27 Estados.

Mas em quanto tempo o senhor acha que terá diretórios e não comissões provisórias?
Acredito que até o final do ano.

Todos serão diretórios estaduais eleitos, e não mais provisórios?
Não mais provisórios. E lógico que poderá decidir o destino do Estado lá, democraticamente decidido por eles.

Durante o processo de criação do Solidariedade, houve várias acusações de fraudes na coleta de assinaturas de apoio ao partido. O que aconteceu?
Não tem fraude. O que tem é que você coleta milhares de assinaturas e encaminha para o cartório.
Não tem um procedimento único no TSE para regulamentar. Tem cartório que exige assinatura do dia que você tirou o título de eleitor. Tem cartório que exige assinatura do dia que você votou...
Muitas vezes você pega assinatura de apoio na rua, das pessoas que estão passando. Essas pessoas assinam de qualquer jeito. Muitas vezes o cara assina até para se livrar de você --"esse cara está me enchendo o saco vou assinar aqui".
A tendência é chegar no cartório e várias dessas assinaturas não conferirem. E tem muitos lugares que o cartorário tem lado. Entendeu? Dá para ver claramente, durante o processo, o lado dele.

Tem lado, como? Tem preferência partidária?
Tem preferência partidária. Isso porque eu não disse que era eu. Se eu tivesse dito que era eu desde o início teria sido bem pior. Você está vendo com a Marina. Porque aí os lados começam a agir desde lá debaixo. E, muitas vezes, os seus adversários também agem. Você está em uma cidade coletando assinaturas, chega alguém te da lá 10, 20 assinaturas e você: "Legal, o cara está me trazendo". Muitas vezes essas 10, 20 assinaturas são de gente só para te sacanear na frente, como aconteceu comigo.

Houve casos até de assinaturas fraudadas de chefes de cartório...
Vamos pegar esse caso. Várzea Paulista. A denúncia saiu na Folha. Várzea Paulista é uma cidadezinha ao lado de Jundiaí. Nós pegamos na cidade 168 assinaturas. Seria muito imbecil que falsificasse assinatura do dono do cartório. Então, eu só posso dizer que isso é coisa armada. Coisa armada na cidade, já preparada para denunciar, entendeu?

Alguém infiltrado colocou lá uma assinatura do dono do cartório para dizer depois que houve a fraude?
Só pode.

Em Brasília, houve a acusação da utilização indevida da lista de filiados a um sindicato, o Sindilegis (Sindicato dos Servidores do Poder Legislativo Federal e Tribunal de Contas da União). O que aconteceu?
Em Brasília, é muito claro. Aqui em Brasília, no Sindilegis, lá atrás, eu apoiei uma pessoa chamada Magno [Antonio Correia de Mello] para ser presidente do sindicato, do Sindilegis. Ele ganhou. Fez um péssimo trabalho. Ninguém aguentava mais ele. Tanto que teve cinco chapas nas eleições passadas. Eu apoiei uma chapa de um outro companheiro, que é o Nilton Paixão. A chapa do Nilton Paixão ganhou.
Além disso, para ajudar, a mulher desse rapaz [Magno] trabalhava no meu gabinete. Quando eu cheguei aqui, há sete anos, eu tinha apoiado a chapa deles, a Força Sindical tinha apoiado. Eles me indicaram uma assessora para trabalhar no gabinete. Combinado, era a mulher dele.

Combinado como?
O cara indica a mulher, né? Só fui descobrir que era a mulher dele depois. Teve alguns problemas e eu demiti a mulher dele. Por isso ele virou meu inimigo.
Agora, o problema não é aí. O problema é que nós estamos mexendo com coisas maiores do que isso. Quando você cria um partido, numa hora dessas, você muda o jogo eleitoral de 2014. Havia grandes interesses envolvidos. Os Poderes todos envolvidos. Eu sei que o Palácio do Planalto se envolveu nisso para impedir.
Eu sei que as denúncias, as supostas denúncias de fraude, eram muito direcionadas, muito bem feitinhas.

Por que o senhor quis sair do PDT?
Nunca quis sair do PDT.

Mas está saindo?
Estou saindo. Estou me desfiliando [do PDT] hoje [25.set.2013] e me filiando ao Solidariedade hoje mesmo. Eu nunca quis. Como esse grupo de parlamentares me chamou. Eu tinha muita crítica ao modelo de administração do PDT.

Como funciona o PDT?
Não dá para administrar um partido só com comissão provisória. O PDT tem nove diretórios, só o que a lei manda. E mesmo para fazer esses diretórios tem que ter autorização da direção nacional. Mesmo para renovar. Se a direção nacional não te der, você não renova. É um partido comandado por gente que não tem voto.
Isso vai criando um clima de insatisfação nos parlamentares. Esse modelo que aprendi dentro do PDT eu quero fazer completamente diferente no Solidariedade.

O PDT vai sobreviver?
Acho que vai, porque tem história. Mas vai minguar muito por causa desse tipo de administração.

A presidente Dilma Rousseff esteve envolvida nessa operação [para impedir a criação do Solidariedade]?
Eu acho que teve.

Há informação objetiva sobre isso?
Ah, tem.

Conte então.
Eu vou contar essa história toda aqui, está doido?
Nós tivemos sete pareceres do Ministério Público favoráveis e aí vem um outro, indicado pela presidente Dilma, que faz um parecer contrário.

O senhor está se referindo ao vice-procurador eleitoral, o [Eugênio] Aragão?
Eu falei e vou repetir: esse relatório dele foi encomendado pelo Palácio do Planalto.

Mas ele foi indicado pelo procurador-geral [Rodrigo] Janot.
Pega o histórico de quem eu estou falando, o Aragão. Pega o histórico dele. Você vai ver quem ele é.

Dilma determinou diretamente [que fosse feita pressão contra o Solidariedade]?
Não sei, mas deve ter sido.

Ela aprovou essa operação?
Teve um desespero no Planalto na hora que o PSB decidiu sair do governo. A história do PT foi com o PDT, PC do B e o PSB. Quando eles [PT] casaram com o PMDB, esses três aliados históricos ficaram de lado. Quem mais tem coragem, como o Eduardo Campos [governador de Pernambuco e presidente nacional do PSB], rompe com o governo antes da hora. A Marina [Silva] criando um partido e em segundo lugar nas pesquisas. E um outro partido [o Solidariedade] do qual eles tinham dúvidas, por causa da minha posição com relação à presidente Dilma. Tinha toda uma pressão ali do Palácio e o medo de 2014.

A presidente Dilma não desejava a criação do seu partido?
Eu acho. Eu acho, não. Tenho certeza.

Em 2014 a chance de o Solidariedade apoiar a reeleição da presidente Dilma é pequena?
Se depender de mim, nenhuma. Só que agora eu vou ter de falar como presidente de um partido. Meu partido tem muita gente que hoje está na base do governo.

Então, como vai ser?
Nós vamos ter de discutir isso aí internamente.

Tem chance de apoiar Dilma?
Se depender de mim, não. No que depender de mim o meu partido vai para a oposição.

Quem o Solidariedade pode apoiar para presidente?
Eu tenho uma grande relação com a Marina [Silva], com o Eduardo Campos. Mas muito boa relação com o senador Aécio Neves [PSDB-MG].

A possibilidade maior é de apoiar Aécio Neves, do PSDB...
Até porque o Aécio é muito meu amigo. Desde quando ele era apenas deputado.
Tenho uma grande relação com ele e as pessoas já dizem que nós já estaríamos nesse embalo. Ele pode ser o nosso candidato.

O sr. vai trabalhar para isso?
Vou trabalhar com ideia de fazer um acordo com o Aécio, Eduardo Campos e Marina: ter uma grande composição no segundo turno das eleições. Acho que esses três candidatos deveriam ter as condições iguais de disputar as eleições. E, aí, com o acordo de quem for melhor, no segundo turno, ter o apoio dos outros.

Como é essa igualdade de condições?
Para disputar a eleição no Brasil, não adianta você só ficar andando na rua, fazendo comício, discussão ou reunião. Tem que ter tempo de rádio e de televisão. Nós teríamos de ter a capacidade de dar essa condição para cada um dos três candidatos [de oposição].

O tempo de TV distribuído entre os três?
Exatamente.
Vamos supor que essa guerra contra a Marina não deixe ela ter um partido, que é o sonho dela. A gente poderia verificar as possibilidades de ela ir para um ou para outro desde que tivesse esse acordo.

Ou seja, o Solidariedade trabalhará para ter mais candidatos de oposição competitivos contra a reeleição de Dilma?
Essa é a minha ideia.

O que a presidente poderia fazer para trazê-lo de volta ao governo?
Eu sou sindicalista e estou deputado. Eu tenho um lado. Eu defendo os trabalhadores.
No segundo mandato do presidente Lula, ele tratou muito bem o movimento sindical. Tão bem que no final disse assim: 'Paulinho, você apoia a Dilma?'. E eu falei: 'Apoio'. Ele chegou a dizer para a presidente Dilma o seguinte: 'Você conseguiu o que eu nunca consegui: que as seis centrais sindicais te apoiassem'.
Ela fez um acordo dentro do prédio dos metalúrgicos de São Paulo, com as seis centrais sindicais. Ela iria acabar com o fator previdenciário, reduzir a jornada de trabalho para 40 horas semanais, fazer uma política salarial para os aposentados, uma tabela de correção do Imposto de Renda com o menor salário todos os meses, correta. E ela não fez. Ela assumiu uma série [de compromissos]. Ela ia fazer os 10% do PIB para a educação, 10% do PIB para a saúde...

Não fez o que prometeu?
Não fez nada. Não cumpriu uma [promessa]. Nenhuma. E virou minha inimiga dois dias depois que foi eleita. Por quê? O salário mínimo de 2010, por causa do PIB de 2008, não ia crescer nada. Eu fiz uma emenda propondo uma antecipação de R$ 25 do salário mínimo porque o [aumento do] salário de 2011 ia ser grande por causa do PIB de 2009. Ia ser 14%. Eu disse numa reunião com ela: 'Presidente, é um erro o que você está fazendo. Este ano não sobe nada e no ano que vem sobe 14%. Vai penalizar as pessoas que vão ter que pagar, inclusive, esse aumento em 2011. Vamos antecipar'. Fiz aquela emenda minha na medida provisória dela. E ela virou minha inimiga por causa disso. A partir dali, não cumpriu nada. Ela mudou. Na verdade, ela já tinha mudado.

Hoje, Dilma é inimiga sua?
Eu acho que sim. Não chama mais as centrais, não reúne, não conversa.

Por que ela não cumpriu esses acordos com as centrais?
Porque eu acho que ela não entende disso. Ela nunca esteve deste lado mesmo. Ela vive hoje da fama que o Lula tinha nessa área. Você pode ver o discurso dela é: 'Porque o Lula fez, o Lula fez'. Pergunte o que ela fez? Ela não fez coisa nenhuma. Para os trabalhadores, não.

Ela fez esse acordo na campanha de 2010?
No segundo turno das eleições ela ficou dois dias dentro do prédio da Força Sindical, com reuniões em todo quanto é andar. Eu tomei R$ 37 mil de multa por causa dela. Por usar a estrutura do sindicato. Ela se comprometeu junto com o Lula. E não cumpriu coisa nenhuma. Eu não tenho como apoiar alguém que concorda de fazer as coisas para os trabalhadores e no outro dia muda de lado. Ela não é minha mãe.

Foi um ato de traição? O que é?
Não sei o que dá para qualificar. Ela abandonou as causas trabalhistas. Eu falei isso para o Lula: 'Lula, não me peça para fazer nada por essa mulher que eu não faço".

Se o ex-presidente Lula fosse candidato a presidente aí as coisas seriam diferentes?
Eu acho que seriam. Eu cheguei dizer isso para ele.

Mas a chance de Lula candidato em 2014 não existe...?
Não existe. Se ele falar hoje que é candidato... ele acaba com o governo da Dilma. Se ele não fala e deixa para mais para frente, as pessoas vão assumindo outros compromissos. Então, ele sabe que está inviabilizado.

Quanto tempo de TV o Solidariedade deve ter em 2014?
Acho que em torno de dois minutos.

É um déficit grande que vai ser imposto à aliança do lado governista... Quem estará com Dilma em 2014?
Eu não sei se o PDT apoia ela... O [Carlos] Lupi [presidente nacional do PDT] tem uma grande relação com o Aécio, com o Eduardo Campos.

Mas, por outro lado, Dilma deve ter o apoio do PSD...
Será que tem? Vamos ver, né?

Isso é o que tem Gilberto Kassab...
É... Mas vamos ver. Vamos acompanhar. Só posso dizer isso no final [risos]. Muitas coisas vão acontecer ainda daqui até junho de 2014.


Folha