Desde quando se começou a falar em reforma política, ou mais precisamente em reforma eleitoral, já se sabia que a culpa maior pela má qualidade dos candidatos eleitos – presidentes, governadores, senadores, deputados federais e estaduais, prefeitos e vereadores – é dos próprios partidos políticos. Mesmo que todos eles em seus regimentos e estatutos internos exponham as suas intenções de exigir qualidades éticas, morais e folhas de atos limpas. Como advertia o ex-governador cearense Manoel de Castro Filho, sertanejo de linguajar típico, mas com filosofia própria, “em muitos partidos, a presença de maus políticos é como a de gorgulhos no feijão; se forem retirados todos, a panela termina quase vazia”. Essa exigência de responsabilidade dos partidos pela qualidade dos seus membros foi um dos temas dominantes por ocasião de debates realizados em todos os estados, há mais de uma década, coordenados pelo então senador Sérgio Machado, cujo exemplo não vingou e terminou se revelando um ímprobo.
Durante esses eventos, lideranças nacionais e estaduais mostraram-se solidárias, prometendo um empenho que nunca foi formalizado. A tal reforma não aconteceu e deu no que deu, ou seja, continuamos vendo crescer, desmesuradamente, o numero de partidos políticos e todos eles repletos de indivíduos sem a menor credibilidade, e em sua maioria devidamente “forrados” de recursos para não somente assumir a direção dessas siglas, mas, principalmente se apoderarem das vagas mais importantes como candidatos. Portanto, se é para não moralizar internamente todos os partidos políticos, melhor será não se falar mais em reforma protagonizada por atores que se apresentam ao público como bailarinas em palco de lama. De roupa branca, sapatilhas e trejeitos artísticos que não agrada ao grande publico, mas enche os olhos de refinados parceiros da ilusão ótica. Como preconizou o sábio sertanejo, a nossa panela foi toda tomada pelo gorgulho.
Fernando Maia
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