O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, afirmou, nesta quarta-feira, em Paris, que, "tendo inícios de crime" na delação premiada do senador Delcídio Amaral (sem partido-MS), a instituição abrirá um inquérito para investigar os suspeitos.
— Nós estamos em uma República. Ninguém tem privilégio nem tratamento diferenciado — disse Janot ao jornal O Estado de S. Paulo.
— É como deve ser — afirmou, usando uma expressão em francês. — Se houver um indício, a gente vai abrir investigação, independentemente de quem seja.
Questionado sobre se o inquérito poderia envolver a presidente Dilma Rousseff, Janot reafirmou que todos podem entrar na investigação.
— Nós temos um material, que estamos examinando — declarou o procurador-geral.
Em delação Delcídio citou Dilma, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice-presidente Michel Temer, o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, e o senador Aécio Neves (PSDB-MG).Segundo Janot, todos os citados terão tratamento igual.
— Todos. Todos são iguais.
Sem dar detalhes, Janot informou ainda que o inquérito que pode ser aberto não se basearia apenas nos documentos do testemunho de Delcídio em seu acordo de delação premiada.LulaJanot afirmou também a indicação do ex-presidente Lula para a Casa Civil de Dilma "é problema dele" e não muda nada para a Procuradoria-Geral da República.
— Isso é problema dele, não é meu. Não é problema para mim não — disse Janot.
Questionado se Lula, ao obter foro por se tornar ministro, não teria "privilégios" no que diz respeito às investigações da Operação Lava Jato, o procurador-geral foi lacônico: "não sei".
Janot também respondeu aos comentários de Lula que criticam, em uma gravação telefônica com o advogado Luiz Carlos Sigmaringa Seixas, sua "gratidão" por ter sido feito procurador. Lula insistia que Janot tinha recusado quatro pedidos de investigação de Aécio Neves.
— Os cargos públicos não são dados de presente. Eu sou muito grato a minha família. Fiz concurso. Estudei para caramba. Tenho 32 anos de carreira — disse Janot, nomeado ao cargo por Dilma Rousseff, em 2013 e reconduzido em 2015.
O procurador-geral estava em Paris participando de um evento sobre cooperação internacional para o combate à corrupção na Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE). As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
* Estadão Conteúdo
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