É básico à democracia representativa que nela funcione um Congresso
Nacional acreditado, que se faça respeitar pela sociedade como fórum
adequado de debate sobre os grandes problemas do País. Necessidade que
se torna ainda maior em momentos de crise, como esta de alta
complexidade que o Brasil atual vivencia, exigindo urgência na busca das
soluções possíveis.
Neste contexto, parece
incompreensível a opção dos comandos da Câmara dos Deputados e do Senado
Federal por postergarem o reinício efetivo dos trabalhos no parlamento
após o período de Carnaval, como se a situação não estivesse a exigir,
no sentido contrário, que o ritmo seja acelerado.
Configura-se
um erro político de proporções gigantescas ampliar a folga dos
parlamentares, exigindo que retornem às atividades normais, que envolvem
as importantes sessões em plenário de debates e votações, apenas no dia
16, a próxima terça-feira. Uma atitude que se, por um lado, expõe
descompromisso com a busca efetiva de saídas para a crise, ao mesmo
tempo reforça argumentos críticos a um Congresso já complicado pelo fato
de vários dos seus integrantes, a começar pelos presidentes das duas
Casas – Renan Calheiros, pelo Senado, e Eduardo Cunha, pela Câmara,
ambos do PMDB –, enfrentarem sérias acusações e, até, terem os nomes
envolvidos nas investigações da Operação Lava Jato.
O momento
brasileiro exige pressa, e cada dia desperdiçado representa mais custo
social e econômico e menos perspectiva de recolocar o País no trilho da
normalidade com a rapidez necessária. Claro que se deve ponderar que o
mandado parlamentar está longe de se resumir apenas àquilo que acontece
nas sessões, aliás, espaço político também desperdiçado mais
recentemente por meio de debates pouco frutíferos quando mensurados pelo
que resultaram em termos de mudanças efetivas na vida dos cidadãos.
Fala-se muito e vota-se pouco, e nem sempre com a qualidade suficiente
para ajudar na superação dos desafios que a dura realidade impõe.
A
retomada da credibilidade pelo Congresso Nacional é uma condição
necessária para superação da crise, que apresenta um fundamento político
de forte influência. Sem que o ambiente da política tenha restabelecida
a normalidade de uma discussão que envolva governo e oposição, mas
preserve a linha do interesse público comum, será impossível à economia
dar conta sozinha do encaminhamento das soluções.
O POVO
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