Numa medida sem precedentes, o Papa Francisco autorizou a criação de um tribunal para lidar com casos de bispos acusados de abusar sexualmente de menores ou de abafar crimes de padres pedófilos. A aprovação segue a instauração de um painel para tratar de assédio sexual no clero.
Segundo um depoimento oficial, o departamento vai ficar sob o comando da Congregação para a Doutrina da Fé, a mais antiga das nove congregações da Cúria Romana, e "vai julgar bispos em relação a crimes de abuso de menores".
Há muito tempo o Vaticano vinha sendo criticado por não punir membros do alto escalão que cometeram ou acobertaram crimes desse tipo. No ano passado, a ONU fez uma dura crítica à Igreja Católica por esse mesmo motivo.
As queixas contra os bispos seriam inicialmente julgadas por um de três departamentos no Vaticano, dependendo da jurisdição à qual o bispo acusado estaria ligado. Depois, o caso seria encaminhado ao departamento da congregação encarregada de disseminar a doutrina católica.
De acordo com a Cúria, o Papa aprovou propostas enviadas a ele por uma comissão que o aconselha sobre como extirpar o abuso sexual de crianças de dentro da Igreja. Parte da função da comissão, composta por até 17 clérigos e leigos ao redor do mundo, é ajudar a diocese a fazer uso de "melhores práticas" para evitar abusos e trabalhar com as vítimas em prol de sua recuperação. Oito membros desse grupo são mulheres.
O escândalo dos padres pedófilos ganhou as manchetes internacionais em 2002, com o caso de religiosos em Boston, nos EUA. Desde então, o Vaticano foi diversas vezes criticado por não tomar medidas duras contra os acusados. Grupos de proteção a vítimas pedem que eles sejam entregues a autoridades para serem julgados por seus crimes.
O Globo
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