quarta-feira, 13 de maio de 2015

Opinião: modelo de gestão fracassado na Saúde do Ceará

Não será fácil para o Ceará contornar a crise de grandes proporções instalada no sistema de saúde do Estado. Os problemas são diversos. Sim, o drama é nacional, mas ganhou relevo especial no Ceará. Em outros estados, não há registro de pacientes sendo atendidos no piso de unidades hospitalares. Também não há registros da expansão do sarampo, uma doença grave que deveria estar sob controle e que empurra para baixo os índices de saúde do Brasil. 
A gestão das políticas de saúde do Ceará tem se mostrado desastrosa. A opção pelo crescimento estrutural do setor público gerou uma crise de financiamento. Não é racional o sistema que precisa transportar (ida e volta) os médicos de avião todos os dias para fazer funcionar o hospital regional de Sobral.
A gestão do sistema hospitalar público do Ceará, incluindo Upas, está há anos sob controle de uma organização social denominada ISGH, que já foi comandada pelo novo secretário da Saúde, Henrique Javi. O ISGH é regido por um regime legal diferenciado que lhe permite mais liberdade de ação e, ao mesmo tempo, baixo índice de transparência e controle social.
Nas poucas explicações que concedeu acerca de sua saída da pasta, o médico Carlile Lavor deixou nas entrelinhas algumas suspeitas que recaem sobre os profissionais que há anos controlam o dia a dia da Secretaria. É provável que estivesse falando do ISGH e da burocracia que gerencia o sistema de internamento hospitalar.
Em uma entrevista, Lavor chegou a apontar a “incapacidade de coordenação dos profissionais que integram o órgão” como um dos motivos de sua saída. Noutro momento, disse que a “Saúde tem vários problemas e é essencial que haja uma coordenação muito tranquila para levar adiante as ações. Como os pensamentos na Secretaria são muito diferentes, isso criou muita dificuldade”.
Atentem que raramente Lavor reclamou de recursos financeiros. São elementos suficientes que chamam a atenção para um modelo de gestão que fracassou. É uma pena que o ex-secretário não tenha sido mais claro e objetivo. Teria dado uma contribuição importante para desvendar os problemas administrativos que levaram o sistema ao estrangulamento.
O POVO

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