O Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) é hoje o que possui o maior número de prefeitos, de vereadores e de filiados. no País Tem a segunda maior bancada do Câmara, a primeira do Senado e a Presidências das duas Casas. Comanda seis ministérios, tem o vice-presidente e, agora, a articulação política do próprio governo. Se a presidente, Dilma Rousseff (PT), iniciou o mandato com movimentações para reduzir a influência do partido junto ao seu governo, chega ao quarto mês deste mandato vendo-o alcançar poder inédito.
“Ele (o PMDB) é o eixo central do governo”, afirma Valeriano Costa, cientista político da Unicamp. Para o professor, o fortalecimento do partido tem como principal responsável tomadas de decisões políticas erráticas por parte do governo. Ele cita como exemplo as movimentações do ex-ministro da Educação, Cid Gomes (Pros), e do ministro da Cidades, Gilberto Kassab (PSD), para criar partidos que pudessem diminuir a dependência do governo em relação ao PMDB. Mas o principal fator teria sido a decisão de confrontar o candidato do PMDB para a Presidência da Câmara, Eduardo Cunha, lançando a candidatura de Arlindo Chinaglia (PT). Isso teria aglutinado a legenda. “O PMDB se unifica na defensiva”, declara o professor.
Entretanto, Costa critica a tese de que estaríamos diante de um “parlamentarismo à brasileira”. Para ele, o que acontece é que finalmente o tal “presidencialismo de coalizão” teria honrado o termo “coalizão”. Antes, o Brasil teria tido um presidencialismo com feições imperiais. Agora, “o presidente não é mais o único jogador”.
O deputado federal Danilo Forte (PMDB) apresenta tese parecida. Segundo ele, não basta a articulação politica do governo mudar de mãos. É preciso que a própria formulação das políticas públicas inclua o Congresso. “Eu prefiro ser sócio da solução a padecer na crise”, diz.
Projeto nacional
A expectativa do deputado cearense é que, a partir de agora, as tensões com o governo entrem em uma fase de declínio, e que o partido consiga afinar o discurso em torno de uma “unidade nacional”. Isso, espera Forte, pode consolidar o PMDB como uma opção viável para disputar a presidência.
A tese da candidatura própria é defendida abertamente por caciques do partido, como o vice-presidente, Michel Temer, e o presidente estadual da legenda, Eunício Oliveira, que já possui 14 anos de diretório nacional. Entretanto, Josênio Parente, cientista político e professor da Uece, não crê que a possibilidade seja expressiva. “O PMDB, quando tem candidato, esbarra na realidade”, declara. Os casos de Ulysses Guimarães, candidato em 1989, e Oréstes Quércia, que concorreu em 1994, são apontados como exemplos.
O professor aponta a legenda como um partido de lideranças regionais, com força especialmente no Nordeste. E a variedade de interesses torna profundamente difícil alinhar o partido em torno de um discurso nacional. De forma mais eufemística, Eunício admite a multiplicidade de vontades dentro da sigla. “O PMDB é um partido que tem, no seu DNA, a liberdade”, declara.
Costa classifica a tese do candidato próprio como “ousada”. Ele identifica três grupos mais consolidados dentro do partido: o nordestino, liderado por Renan Calheiros e José Sarney, o “petista”, que tem no prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, seu maior expoente, e o paulista, antes liderado por Quércia e agora por Temer. E, de acordo com ele, “nenhum cacique permite que o outro se projete ao ponto de ser um candidato nacional”. (colaborou Isabel Filgueiras) O POVO
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