Estive na manifestação de hoje (15/3/2015), na Praça Porgtugal (Fortaleza) contra o governo Dilma Rousseff (PT). Talvez nem precisasse dizê-lo, mas compareci como observador, jornalista, do mesmo modo que fiz nos protestos de junho de 2013.
Números
Não vou discutir números de participantes – cada um há de ter o seu -, porém, havia muita gente. A Praça Portugal estava lotada transbordando para as ruas adjacentes (quem não conhece pode recorrer ao Google Maps). Entrar na batalha dos números é de menor importância; há de se reconhecer que foi uma mobilização importante, que ocorreu em várias cidades importantes do país.
Público
Os organizadores conseguiram reunir um público diversificado, de idades diversas, e o perfil econômico das pessoas que participaram talvez não difira muito dos manifestantes que defenderam o governo, na sexta-feira (13/3/2015). Outra questão importante: o monopólio das ruas, desde a redemocratização (que hoje completa 30 anos), era da esquerda, agora não é mais.
Oradores
Durante o evento, nenhum dos oradores clamou por um golpe militar (conhecendo como se processam as manifestações, à direita e à esquerda suponho que isso deve ter sido intensamente debatido pelos organizadores). Na manifestação, vi apenas três cartolinas, afixadas nos espinhos de um gravatá, sem ninguém por perto para assumir a autoria “Fora Dilma. Só as Forças Armadas salva [sic] o Brasil”.
Obsessão: Cuba e Venezuela
A palavra de ordem mais pronunciadas pelos oradores foi “Fora Dilma e o PT”, sempre compartilhado pelo público, que interagia bastante. Fora disso, tanto os oradores quanto o público, tinham uma estranha fixação com Cuba e Venezuela, países sempre vistos com anticristos a serem combatidos. A propósito, o público manifestava regozijo quando algum dos oradores mandava que Lula e Dilma se “mudassem” para um desses países.
Sem confrontos
Durante o tempo em que fiquei na Praça Portugal, a manifestação foi tranquila; não vi nenhum confronto. Policiais da Tropa de Choque revistavam mochilas. A PM inclusive foi muito aplaudida quando um dos oradores elogiou o trabalho deles.
A culpa é do PT
Se fosse resumir a fala dos oradores, diria que todos culpam o PT por todos os problemas do país (uma coisa normal em qualquer movimento, que costuma dividir a humanidade em “nós” e “eles”, de modo a permitir fácil identitificação na “massa”). Alguns oradores também criticaram as leis brasileiras que, segundo eles, protegem bandidos e não deixam a polícia trabalhar.
PLÍNIO BORTOLOTTI
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