Mesmo para um observador desatento parecia muito claro que Graça Foster seria afastada da presidência da Petrobras, demissão que foi anunciada ontem pelo Planalto.
Ainda que se considere que os desmandos na estatal não tenham começado nos governos do PT, há de se admitir que nunca antes na história desse país, a Petrobras passara por situação negativa de tal monta. A responsabilidade pelos malfeitos não é de Foster, mas ela não teria como reunir as condições para fazer as mudanças radicais necessárias para livrar a Petrobras de qualquer resquício do agrupamento criminoso, que se incrustou como espécie de craca parasitária em sua administração, corroendo-a por dentro.
Porém, para além disso, é preciso lembrar que a Petrobras é a maior produtora de petróleo entre as empresas de capital aberto no mundo, após ter superado a americana ExxonMobil. A empresa brasileira é a terceira do mundo em reservas de petróleo, e tem tecnologia avançada para explorar o recurso, o que vai mantê-la como uma das principais petroleiras do mundo por muito tempo, apesar dos transtornos que atravessa.
Por isso, é preciso separar esse serviço de desinfecção - iniciado pela operação Lava Jato - de atitudes oportunistas, que vislumbram na desgraça conjuntural da Petrobras a oportunidade para conseguir dividendos particulares, e em favor de grupelhos especializados em obter vantagens próprias da política apequenada. Ouvir-se-ão novamente as vozes agourentas da privatização.
Por isso é preciso reafirmar a magnitude da Petrobras e mostrar como a sua atuação está umbilicalmente ligada ao desenvolvimento do país. Para isso, basta observar que 13% do PIB brasileiro vem da produção de petróleo e gás.
Assim, entregar a Petrobras ao “mercado” equivale - como no conto de fadas - a estripar a galinha de ovos de ouro, que botava um por dia, a troco do suposto tesouro que se escondia em suas entranhas. Ou seja, o mesmo que abrir mão do futuro.
Plínio Bortolotti
plinio.pab@gmail.com
Jornalista
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