Por 60 anos, o planejamento econômico do Ceará esteve ligado ao sonho de uma refinaria. Com o projeto abortado pela Petrobras, as expectativas foram frustradas. Depois da queda, o Ceará precisa abrir os olhos para outras possibilidades.
O desenvolvimento do Estado precisa ser pensado apesar da refinaria. “Não é o fim do sonho, é o início de um novo tempo. Se a refinaria vier, que venha. Mas esse momento pode ser utilizado para fazer uma reflexão”, defendeu o professor da Universidade Federal do Ceará (UFC), Marcos Holanda.
O investimento em tecnologia e o desenvolvimento de um polo metalmecânico em torno da Siderúrgica estão entre as apostas para aumentar o Produto Interno Bruto (PIB) e ultrapassar definitivamente a barreira histórica dos 2% de participação na riqueza do País. Além disso, com a crise energética, a alternativa é investir em energias renováveis como a eólica e a solar.
Desenvolver as cadeias produtivas já existentes também deve gerar rentabilidade. As áreas de calçados, confecção e couros, vocações do estado, podem dar uma guinada nos próximos anos.
De acordo Lima Matos, economista e presidente da Câmara Setorial de Logística, o modelo de desenvolvimento dos três maiores estados do Nordeste (Ceará, Bahia e Pernambuco) gira em torno da possibilidade de atração de refinaria, siderúrgica e montadora de automóveis. Ele frisa que, ao invés de competirem por esses investimentos, os estados do Nordeste poderiam se unir em torno de vocações econômicas complementares.
“É preciso também desenvolver a interação com estados vizinhos, procurando examinar onde podem haver complementos agregadores”. Poderia ser desenvolvido ainda no Ceará um polo de componentes automotivos como motores, freios ou de produtos de linha branca.
Crescimento
O estado precisa continuar crescendo a taxas superiores ao Brasil e fazer um rigoroso planejamento estratégico. As opiniões também se dividem entre quem defende que é preciso que o Governo esteja à frente das estratégias desenvolvimentistas, enquanto outros pregam total liberdade para os empresários se rearrumarem e investirem onde e da forma que quiserem.
“O Governo deve governar, preocupando-se com segurança, justiça, educação, saúde. É preciso deixar de ser o ente executor da questão econômica”, ressaltou professor do programa de pós-graduação de administração e contabilidade da UFC, Antonio Carlos Coelho. Ele defendeu uma mudança institucional nos Governos que garanta segurança para o investidor.
SAIBA MAIS
A participação do Ceará na economia nacional tem uma barreira histórica de 2%. No ano passado, chegou aos 2,3%, ainda longe dos 4,4% que representam a população do estado no total brasileiro. A promessa de aumentar o Produto Interno Bruto (PIB) é antiga e rendeu votos até a Virgílio Távora.
O Governo Cid Gomes prometia dobrar o PIB com os investimentos no Complexo Industrial e Portuário do Pecém (Cipp), em especial a refinaria e a siderúrgica. Há quem lamente que a Petrobras desistiu do empreendimento no Ceará. No entanto, há defensores de que é possível atingir a meta na próxima década com outros empreendimentos.
O professor Marcos Holanda defende haver alguns mitos em torno da refinaria. O principal era que ela aumentaria a receita tributária do estado em 50%.De acordo com o economista, isso não seria possível porque a Petrobras tinha como condição para implantar a refinaria
um amplo pacote de incentivos fiscais.
O POVO
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