O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse ontem que o Governo está estudando cortes para diminuir despesas. Em setembro, o governo federal gastou além de sua arrecadação pelo quinto mês consecutivo, e o Tesouro Nacional acumulou um deficit inédito em duas décadas.
As despesas com pessoal, programas sociais, investimentos e custeio superaram as receitas em R$ 20,4 bilhões, o maior valor em vermelho já contabilizado em um mês. Com isso, o resultado do ano passou de um saldo fraco para um rombo de R$ 15,7 bilhões.Foi a primeira vez desde o Plano Real, lançado em 1994, que houve deficit primário no acumulado de um ano, ou seja, o Governo precisou se endividar para fazer os pagamentos rotineiros e as obras de infraestrutura.“Nós temos agora que fazer uma redução importante das despesas que estão crescendo, como o seguro-desemprego, abono salarial e auxílio-doença”, disse o ministro durante evento da FGV (Fundação Getúlio Vargas) em São Paulo.Mantega afirmou que essas “três despesas” --se referindo aos benefícios-- representam cerca de R$ 70 bilhões por ano. Já a pensão por morte, que também deve ser reformulada nesse pacote, gera gastos de R$ 90 bilhões anualmente. “Estamos trabalhando para reformatar essas despesas para que em 2015 estejam em declínio”.Os cortes ainda estão sendo estudados pelo Governo Federal, mas o ministro afirmou que os resultados serão divulgados em breve. Sobre as mudanças no fator previdenciário -índice que reduz o benefício de quem se aposenta cedo-, Mantega disse que a discussão não está incluída no pacote.
BNDES
Para o período “pós crise”, ou “novo ciclo”, como denominou o ministro, o Governo também pretende diminuir os subsídios financeiros para contribuir na redução das despesas. “Temos que realizar uma consolidação fiscal não criando novos estímulos. As despesas precisam diminuir no próximo ano, o que significa também dar um subsídio menor pelos empréstimos que são feitos pelo BNDES.”Para o ministro, os bancos públicos tiveram um papel fundamental fornecendo crédito e juros menores para a população no período entre 2008 e 2010, quando os bancos privados, por causa do momento de crise, diminuíram o recurso.
Indústria
O setor industrial também foi um dos temas mencionados no evento. “A indústria é a que mais sofre [neste período de crise] porque é o mercado que mais encolhe”, disse Mantega. Ainda assim, Guido Mantega afirmou que, se o Governo não tivesse feito políticas de estímulo, a produção industrial não teria se mantido em um “patamar superior”. Segundo o ministro, o setor ficou em uma situação “razoável”, mas afirmou que a realidade ainda é insatisfatória para as necessidades da indústria. (Folhapress)
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