Tasso Jereissati (PSDB) viveu ontem uma noite rotineira para ele como para nenhum outro personagem da história do Ceará. Foi sua quinta vitória em eleição majoritária estadual. Depois de ter sido três vezes governador, será pela segunda vez senador. Mas, a repetição embute uma novidade. A diferença remete a uma noite há quatro anos.
Às 20h39min do dia 3 de outubro de 2010, a contabilização dos votos no Tribunal Regional Eleitoral do Ceará (TRE-CE) tornou irreversível o improvável. O homem que mais poder teve durante mais tempo na história do Ceará ficou na terceira colocação, com duas vagas em disputa. Ele que, além dos quatro mandatos majoritários que já exercera, foi o principal responsável pela vitória de outros dois governadores e sete senadores. E conhecia pela primeira vez uma derrota sua.
Naquela noite, óculos escuros e olhos inchados tomaram o escritório de Tasso. Ele disse que não mais seria candidato, iria se dedicar a “cuidar dos netos”. Mas, passado o primeiro mês, o sabor amargo foi esquecido. Viajou, redescobriu o prazer de, como define, não ter de dar satisfação. Voltou-se, também, às empresas.
“Depois você entende e se adapta. Nunca é bom, não é agradável perder uma eleição. Mas a gente tem de ter a mesma humildade na vitória que tem na derrota”, disse o agora senador eleito, no início da tarde de ontem, enquanto acompanhava a votação de seu colega de chapa, Eunício Oliveira (PMDB), no Náutico.
Horas depois, às 19h53min, a apuração confirmou que Tasso retornaria ao mandato para o qual não havia sido reeleito quatro anos atrás. Os 2.314.796 votos, 57,91% dos válidos, garantiram aquele que, dessa vez, garante que será mesmo seu último mandato. “Ah, agora eu fiquei desmoralizado, que eu disse isso na última vez. Mas eu não tenho dúvida (de que será a última eleição). Dessa vez, vocês sabem, as circunstâncias me levaram e eu estou muito honrado e feliz com isso”.
Mas não haverá tempo para festejar. Confirmada a vitória, à noite no comitê, prometeu mergulhar no 2º turno, por Eunício e Aécio Neves (PSDB). “Vamos descansar 24 horas, mas vamos pra rua mais fortes do que nunca, pra mostrar ao Brasil inteiro que o Ceará não é esse Estado que todo mundo pensava há 30 anos atrás (...) e voltou novamente à lista dos estados mais pobres, mais atrasados e mais conformados com a pobreza”.
E destacou a importância que atribui à eleição, sobretudo, presidencial: “Não é questão de eleger um governador de estado, de eleger um senador que vocês gostam, mas principalmente é uma questão de salvar o Brasil”. O POVO
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