Há indicativos sugerindo que o governador Cid Gomes desenvolveu quadro hipertensivo. O mesmo problema atingiu também a ex-prefeita Luizianne Lins. Assim como se deu com o governador do Ceará, a petista sofreu picos de pressão que a levaram ao internamento quando ainda exercia o mandato. Talvez não seja coincidência. Além de diagnósticos parecidos, registre-se que os problemas na saúde dos dois vieram à tona nos momentos de grande pressão política. Momentos decisivos de definição de candidaturas, de delicadas escolhas, de muita articulação, noites insones e reuniões tensas.
A política brasileira colocou nas mãos dos governantes poder excessivo. O nosso presidencialismo de coalizão, que convive com amontoado de siglas de baixa representatividade e múltiplos interesses, alguns os mais rasteiros, exacerbou o personalismo no processo de decisão. As decisões não são partidárias. No máximo, remete a ínfimo grupo cujo parecer final é apenas corroborado pela instância partidária. E, como tem sido peculiar, a passagem por essa instância, geralmente sem vida orgânica, se tornou apenas formalidade estabelecida pelas regras da Justiça Eleitoral.
No fim das contas, a responsabilidade é quase que inteiramente assumida por quem está no exercício do mandato executivo em todos os âmbitos da República (Federal, Estadual e Municipal). O processo político, em grande medida, virou propriedade de quem controla o orçamento. É evidente que nas sociedades mais pobres essa característica torna-se mais relevante.
O mais grave é que, aqui e alhures, esse tenso, insano e nada saudável processo de decisão tem passado longe da discussão que mais interessa. Não há ideias e projetos em discussão que estabeleçam o Brasil ou Ceará como o foco primordial do embate político. Os perfis de candidaturas e pré-candidaturas que surgem não apontam para uma ideia de País ou de Estado.
No caso do Ceará, o noticiário político, embora faça imenso esforço para tirar dos competidores um conjunto de ideias para o futuro do nosso Estado, tem refletido mais a dura realidade do pobre (de ideias) quadro político que hoje temos. Trocando em miúdos, o debate político reflete com destreza os projetos de poder que pretendem se estabelecer ou pretendem continuar em vigor, mas esses projetos de poder esquecem quase por completo que o Ceará precisa de um projeto de Estado. O Povo
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