domingo, 30 de março de 2014

O encontro: Cid Gomes x Eunício Oliveira

Pronto: em conversa com Cid Gomes, o senador Eunício Oliveira (PMDB) oficializou sua decisão de ser candidato ao Governo do Ceará. Concretizou-se assim mais uma das muitas etapas do imbróglio de 2014, muito embora o senador já tivesse, há meses, se jogado de corpo e alma na campanha.

Ainda no ano passado, escrevi aqui o quanto era constrangedor a postura de um aliado que se joga na campanha muito antes dos prazos e em pleno andamento do mandato de Cid Gomes, o líder natural do processo. Pois é. Há tempos que o senador já serve café gelado para o governador.

O que pode ter acontecido na conversa? Provavelmente, um clima tenso. Não poderia ser diferente. Afinal, o tema em questão nem de longe apetece ao governador, que sonhava empurrar lá para maio/junho as conversas com os aliados sobre sucessão.

Mas, vamos aos fatos. Eunício declarou a intenção que já era informalmente conhecida por Cid. O governador certamente ouviu atento e disse que, a seguir, ia conversar com o grupo de partidos aliados sobre o que o senador colocou na mesa. Mas, não haverá decisão acerca de candidaturas agora. Os prazos permanecem longos.

Acatar a candidatura de Eunício e apoiá-la é sim uma das possibilidades disponíveis para o governador. Porém, se Cid assim o fizer será como uma capitulação. Explica-se: Eunício é um aliado pontual, mas não é do grupo político do governador. O senador comanda seu próprio grupo. É esse o ponto nevrálgico.

Uma aposta: diante da candidatura de Eunício, com ou sem o apoio de Cid, o grupo político do governador vai se preparar para eleger o maior número possível de mandatos ligados à família, tanto para a Assembleia quanto para o Congresso Nacional.

Ter uma bancada de confiança é fundamental diante da possibilidade da vitória de outro grupo político. É a forma de defender os pressupostos do mandato de Cid. É a forma de se defender de possíveis ataques oriundos de uma gestão que, possivelmente, não pertença ao grupo dos Ferreira Gomes, como é o caso do senador.

Cid tem até a próxima sexta-feira para decidir se deixa o Governo ou se fica até o final do mandato. Não é uma decisão simples. Se decidir sair terá que resolver uma complexa equação política. O fidelíssimo vice Domingos Filho assume? Uma conversa franca com o vice é pressuposto para a tomada de decisão.

Saindo ou ficando, tomadas todas as decisões complementares inerentes ao prazo de desincompatibilização, as próximas decisões serão necessárias somente em junho. Portanto, não esperem anúncios de decisões imediatas sobre quem será o candidato a governador de Cid e companhia.

Fábio Campos/colunista O Povo

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