Em seu primeiro discurso no Senado depois de deixar a Casa Civil, a ex-ministra Gleisi Hoffmann (PT-PR) fez duas críticas ao governador Eduardo Campos (PSB-PE) e acusou o pré-candidato ao Palácio do Planalto de ser oportunista e ingrato. Gleisi disse que Campos, ex-aliado da presidente Dilma Rousseff, critica alianças políticas firmadas pelo Palácio do Planalto, mas adota a mesma conduta.
“É legítimo e democrático que uma pessoa pleiteie ser candidata e que tenha divergências, inclusive com o grupo ao qual pertenceu durante um tempo. O que é lamentável é quando essa candidatura é lançada e carece de propósito, de conteúdo e de uma causa e baseia-se praticamente em situações e manifestações de hipocrisia, de oportunismo e de ingratidão”, disse.
Gleisi citou como exemplo o Paraná, onde o PSB de Campos tem alianças com o PSDB e o DEM –mas no Amapá e Espírito Santo se une ao PT.
“Não posso concordar com as manifestações de que a construção de alianças políticas levadas a efeito pela presidenta Dilma são construções da velha política ou da política mofa, até porque essas alianças tiveram a participação do governador durante muito tempo, quando exerceu conosco o governo deste País. E até porque o próprio governador se utiliza dessas articulações políticas para tentar viabilizar sua candidatura”, atacou Gleisi.
A ex-ministra disse que o “sucesso” do governador em Pernambuco é consequência do apoio financeiro da União ao seu estado. “É uma manifestação de ingratidão, porque grande parte do sucesso político do governador se deve ao apoio e ao prestígio emprestados pelo ex-presidente Lula e pela presidenta Dilma a sua pessoa”.
Gleisi disse ainda que a candidatura de Campos se baseia no tripé de “manifestações de hipocrisia, manifestações que não condizem com a realidade e que não estão de acordo com aquilo tudo de que o governador participou durante esse tempo”.
Em defesa de Campos, o senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF) disse que o governador serviu com “patriotismo” aos governos Lula e Dilma, mas percebeu os erros da gestão petista.
“Aqui, ninguém tem o monopólio da verdade, assim como ninguém tem o monopólio da ética, como alguns acharam que tinham no passado. Nós queremos efetivamente fazer o debate político em tom elevado, mas também não nos furtaremos a fazer os enfrentamentos que forem necessários neste debate”, disse o líder do PSB.
Gleisi reassumiu ontem o mandato no Senado depois de deixar a Casa Civil, agora chefiada por Aloizio Mercadante. A senadora será candidata do PT ao governo do Paraná, por isso se desincompatibilizou do cargo.
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