Ainda não há um acordo sobre o déficit atual de professores na
Universidade Estadual do Ceará (Uece). Enquanto reitoria e docentes
afirmam que, no mínimo, 166 vagas precisam ser abertas de forma
emergencial, o governador Cid Gomes questiona o cumprimento da carga
horária dos professores e diz que, antes do concurso público, “é preciso
uma reflexão sobre essa questão”. Durante embates com professores e
alunos, Cid defendeu a mudança do curso de Medicina para outra
universidade e a substituição de cursos existentes.
O encontro
aconteceu durante o Seminário “O Papel das Universidades Estaduais
frente ao Desenvolvimento do Ceará” e deverá definir pontos de
investimento de R$ 10 milhões em política estudantil, além da definição
de data e número de vagas dos concursos para docentes e servidores. O
primeiro dia do evento, que prossegue hoje, foi marcado por ironias,
discussões, debates e vaias. Enquanto Cid falava sobre a dificuldade de
obter recursos, o público o questionava sobre gastos com o Acquário ou o
buffet servido em eventos do Governo.
Ironizando e disparando
frases como: “Nunca vi, em nenhum lugar no mundo, educação ser uma
vocação econômica”, “Há lugares ricos e pobres de espírito. E há
lugares, como o Ceará, que é pobre e rico de criação” e “Vocês não podem
pensar a universidade só para o umbigo de vocês”, Cid Gomes questionou o
tempo dedicado por professores à sala de aula e propôs mudanças. “Na
Uva (Universidade Estadual Vale do Acaraú), das 880 horas do semestre,
180 são em aula. Na Urca (Universidade Regional do Cariri) são 308.
Precisamos padronizar esse tempo em todas as universidades, inclusive na
Uece”, afirmou.
Propostas
Propostas
A proposta
do governador é dedicação de 60% das horas de cada professor para aulas,
sendo 45% em sala e 15% para planejamento, e os 40% restantes seriam
destinados aos projetos de pesquisa e extensão. Ele defendeu, ainda, que
o curso de Medicina fosse transferido para a Universidade da Integração
Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab) - justificando que
professores não foram contratados para o curso da Uece - e a
substituição de cursos já existentes. “Eu sugiro que possamos ver o que é
possível substituir, de acordo com a necessidade atual. Robótica, por
exemplo, seria um bom curso”, destacou.
Segundo a
presidente do Sinduece, Elda Maciel, o governador “talvez não conheça a
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional” que, segundo ela, expõe
uma distribuição de carga horária diferente da mencionada pelo gestor.
“A maioria dos professores passa das 40 horas/aula semanais. Não sei se o
governador diz isso de má fé ou porque está desinformado”, disse.
O POVO
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