Depois de confirmar a manutenção de Guido Mantega na Fazenda, a presidente Dilma Rousseff tem pelo menos outra definição para a reforma ministerial que fará no primeiro trimestre de 2014: o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, irá para a Casa Civil, em substituição a Gleisi Hoffmann, que disputará o governo do Paraná.
Gleisi e Mercadante já tiveram a primeira reunião de trabalho na última segunda-feira (16) sob a coordenação da própria Dilma. Depois desse encontro, que foi a formalização da decisão da presidente, Gleisi convocou os assessores mais próximos e em tom de despedida, anunciou que Mercadante assumirá seu posto. A informação, no entanto, é tratada com sigilo no Palácio do Planalto. Gleisi pediu às subsecretarias da pasta relatórios de gestão para apresentar ao colega.
Gleisi Hoffmann fará plantão no Planalto nos recessos de Natal e Ano Novo. A partir de 6 de janeiro, ela sairá de férias por dez dias e depois retorna ao Planalto para auxiliar Mercadante na transição. Dilma também vai tirar uns dias de férias em janeiro.
Semana passada, Dilma confirmou que irá fazer a reforma ministerial entre de janeiro e o Carnaval, no início de março, para substituir os dez auxiliares que deixarão o governo para concorrer às eleições em seus Estados. A intenção da presidente era fazer as mudanças no começo do ano, mas os ministros Fernando Pimentel (Desenvolvimento) e Alexandre Padilha (Saúde), pré-candidatos aos governos de Minas e São Paulo, respectivamente, articularam o adiamento das mudanças. Eles não têm mandato e precisam se manter sob os holofotes.
Desde as manifestações populares, que levaram as pessoas às ruas, em junho, Mercadante tem assumido posição chave como conselheiro político de Dilma. Ele foi um dos idealizadores da proposta da reforma política por meio de uma Assembleia Constituinte e participou da elaboração dos cinco pactos que a presidente propôs, à época. Dilma o elegeu para fazer o papel de porta-voz do governo na crise que abalou sua popularidade.
No entanto, a exposição de Mercadante, considerado agressivo pelos colegas, desencadeou um processo de ataque de aliados enciumados com a escalada relâmpago do petista.
Mercadante começou a sofrer críticas públicas de políticos, que argumentavam que, ao exercer o papel de braço-direito de Dilma na área política, estava relegando a segundo plano suas funções como ministro da Educação.
Por recomendação da própria Dilma, Mercadante passou a ter um relacionamento mais discreto com a chefe, deixando de ir a todas as viagens com ela, como fazia, para participar apenas das agendas de sua área. Mercadante repete que quer ficar na Educação e, dentro do possível, ajudar na campanha da reeleição. Mas, como bom funcionário, assumirá a missão que lhe for entregue. A ministra da Cultura, Marta Suplicy, é um dos nomes defendidos pelo PT para o lugar de Mercadante.
Com o argumento de que ainda não tem a reforma definida, a presidente adiantou apenas que Mantega, que tem sido criticado pela condução da economia, não será demitido. "Eu não tenho a reforma aqui e não pretendo dá-la (...). No que se refere ao ministro Guido, pela vigésima ou trigésima vez, eu reitero que ele está perfeitamente (bem) no lugar onde está."
PADILHA
A substituição de Padilha na Saúde é um dos principais dilemas da presidente. Apesar dos problemas da área, a pasta tem um dos maiores orçamentos da Esplanada e é visada pelos partidos aliados. O PT não quer abrir mão da pasta. Padilha trabalha por uma solução interna, mas a presidente sofre pressão de governistas, como o PROS, dos irmãos Cid e Ciro Gomes.
No Ministério da Saúde, a bolsa de aposta gira em torno de três nomes: Helvécio Magalhães, secretário de Atenção à Saúde, Jarbas Barbosa, secretário de Vigilância em Saúde, e Mozart Salles, secretário de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde. Responsável pelo programa Mais Médicos, Mozart é o preferido de Padilha.
Além de Mercadante, a ministra Miriam Belchior (Planejamento) e o secretário-executivo da Previdência, Carlos Eduardo Gabas, também estavam cotados para substituir Gleisi na Casa Civil. O nome de Mercadante era aventado para o posto ou para a coordenação da campanha de Dilma à reeleição. Uma ala do PT defendia a escolha do ministro da Educação para a Casa Civil porque, trabalhando diariamente próximo a Dilma poderia ajudá-la informalmente na campanha, sem deixar de exercer suas funções no governo.
A presidente tem mais três vagas na Esplanada para preencher: o Ministério da Integração Nacional, a Secretaria de Portos e a Secretaria de Assuntos Estratégicos, que estão ocupados por interinos.
Jornal do Comercio
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