A Polícia Federal desarticulou ontem um suposto esquema de desvio de recursos públicos centrado em verbas do Ministério do Trabalho. Por ordem da Justiça Federal, o secretário-executivo da pasta, Paulo Roberto Pinto, foi ouvido pela PF em Brasília, sendo liberado em seguida. Ele é suspeito de participar das fraudes em apuração.
Foram presas 22 pessoas. Outras 11 foram conduzidas mediante ordem judicial. A suspeita da PF e da CGU (Controladoria Geral da União) é que a fraude tenha desviado R$ 400 milhões, valor liberado nos últimos cinco anos para o IMDC (Instituto Mundial do Desenvolvimento e da Cidadania), uma Oscip de Belo Horizonte que presta serviços de qualificação profissional para jovens e adultos desempregados.
A entidade atua em 11 Estados e no Distrito Federal. O presidente do IMDC, o empresário Deivson Vidal, foi preso e teve carros, dinheiro, joias e um helicóptero apreendidos. Foram realizadas buscas também na sede do Ministério do Trabalho, em Brasília. A entidade teria fraudado convênios de cursos e serviços de transporte de jovens, cobrando por trabalho que não foi prestado.
“O então secretário-executivo [Pinto] atuava facilitando a atuação investigada no ministério de modo a excluir, inclusive, a Oscip do cadastro de inadimplentes e permitindo que prestações de contas pudessem ser feitas sem a devida precaução”, disse o delegado Marcelo Freitas.
Funcionário do Banco do Brasil e filiado ao PDT, Pinto, 41, chegou à pasta como assessor especial em 2007.
Em três anos, assumiu a secretaria-executiva, transformando-se num dos principais aliados do então ministro Carlos Lupi, que deixou o posto sob acusações de irregularidades em 2011.
Número 2 do Trabalho, Pinto chegou a responder como ministro por alguns meses.
Planalto afasta dois, mas mantém secretário no posto
O Ministério do Trabalho decidiu manter no cargo o número dois da pasta, Paulo Pinto, investigado. Em nota, o ministério não só reiterou que o secretário-executivo “prestou depoimento e retornou às suas atividades” como anunciou a exoneração de dois servidores investigados pela PF.
Segundo o ministério, o funcionário Anderson Brito foi demitido, e o servidor de carreira Geraldo Reisenbeck perdeu o cargo de diretor de contratos e convênios.
Ainda ontem, o Ministério do Trabalho também informou que pediu informações sobre a investigação da Polícia Federal e que vai suspender convênios.
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