sexta-feira, 20 de setembro de 2013

O drible de Dilma no PSB

Após uma reunião de 30 minutos com Dilma Rousseff, na qual entregou sua carta de demissão do comando do Ministério da Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho ouviu da presidente o pedido para uma nova conversa no fim da semana que vem, após o retorno da viagem que fará a Nova York para a abertura da Assembleia Geral das Nações Unidas.
Com isso, Dilma ganha tempo na reforma ministerial que seria obrigada a fazer após o desembarque do PSB do governo e ainda provoca o presidente nacional do partido, Eduardo Campos, que sabe que Bezerra, afilhado do governador de Pernambuco, defende a reeleição da presidente.
Mais ainda: mostra que, como mandatária do Planalto, é ela quem dita o ritmo político, não os aliados ou postulantes ao cargo de presidente em 2014. Também segura o ímpeto do PMDB que, antes mesmo de ser chamado por Dilma, já se movimenta para indicar o senador Vital do Rêgo (PB) ao lugar de Bezerra.
Ninguém sabe dizer se Dilma manterá Bezerra no cargo. O PT defende que os socialistas devem deixar o governo, já que Eduardo Campos não esconde mais de ninguém o desejo de se candidatar ao Planalto no ano que vem — inclusive, acertou ontem aliança com o Partido Liberal Cristão (PLC). Mas o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, durante reunião na semana passada, pediu a ela que não se precipitasse, pois ainda pretende ter uma derradeira conversa com Eduardo para que as pontes não sejam rompidas.
A substituição na Secretaria dos Portos, ocupada pelo pessebista Leônidas Cristino — apoiado pelos irmãos Cid Gomes e Ciro Gomes — também foi adiada. Praticamente rompidos com Eduardo Campos, os Gomes não querem abrir mão da pasta, por isso, procuram um ministeriável em outras legendas que possam indicar como um novo apadrinhado. Uma possibilidade seria pinçar um nome do PROS (Partido Republicano da Ordem Social), cuja análise de criação foi adiada ontem à noite pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Eles também espalharam aliados no PSD e no ainda embrionário Solidariedade.
A estratégia é continuar livre para apoiar a reeleição de Dilma e manter o PT na aliança local, com a provável indicação do deputado José Guimarães (PT) para concorrer ao Senado. Durante reunião do PSB na quarta que selou o desembarque do governo, Cid Gomes ouviu o duro recado de Eduardo Campos. "Estamos tomando essa decisão a tempo para que os descontentes possam tomar outros caminhos e direções."
Mas deixar o partido não será tão fácil. O desembarque do governador cearense abriria espaço para a filiação da petista Luizianne Lins, que poderia, inclusive, se candidatar pelo PSB ao governo do estado — outra opção seria a deputada estadual Eliane Novais. Além disso, as novas legendas, especialmente o PROS, não teriam tempo de televisão para uma candidatura competitiva ligada aos irmãos Gomes.
O PSB já pensa no futuro sem eles. A legenda estuda alianças com algumas forças políticas tradicionais no Ceará, como o ex-presidente nacional do PSDB Tasso Jereissatti ou o ex-governador Lúcio Alcântara, atualmente no PR. "O PSB adotou uma postura de lealdade ao tomar a decisão de sair da base aliada antes do fim do prazo de migração de legenda. O recado é claro: vamos ter candidatura nacional própria e quem tem uma visão diferente tem toda a liberdade de sair. No Ceará não será diferente", avisou o senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF).
Paciente, o PMDB aguarda o chamado da presidente. Afilhado político do presidente do Congresso, Renan Calheiros (AL), Vital devolveria para o controle do senador alagoano uma pasta que já pertenceu a ele durante o governo Fernando Henrique Cardoso. Na época, ele indicou o senador Ney Suassuana e o ex-prefeito de Arapiraca, Luciano Barbosa, para o cargo.
PSDB ataca inflação
O PSDB exibiu na noite de ontem uma nova propaganda partidária, dando continuidade à anterior, na qual convidava os brasileiros a exporem os problemas do país. No vídeo, o pré-candidato do partido à presidência em 2014, senador Aécio Neves (PSDB-MG), apresenta os resultados das conversas. No semiárido nordestino, por exemplo, mostra como os problemas de infraestrutura atrapalham o escoamento e o armazenamento dos grãos produzidos pelo agronegócio. E faz uma novo ataque à leniência do governo no combate à inflação.
Correio Braziliense

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