A recuperação do real ante o dólar — a moeda brasileira subiu mais de 5% neste mês — está sendo observada pelo governo como uma janela de oportunidade para reajustar os preços da gasolina, sem que a inflação estoure o teto da meta, de 6,5%. O aumento, que pode chegar a 10% nas refinarias e ser anunciado nas próximas semanas, ajudará a reforçar o caixa da Petrobras.
A correção já foi prometida pela presidente Dilma Rousseff à comandante da estatal, Graça Foster. "O pedido da Petrobras está muito próximo de ser atendido. O momento ficou mais favorável ao governo, pois a inflação está bem comportada e se reduziu a pressão do dólar sobre os consumidores", explicou um técnico da equipe econômica.
Segundo a economista-chefe da ARX Investimentos, Solange Srour, o governo foi ajudado pelo Federal Reserve (Fed), o banco central dos Estados Unidos. Como a instituição decidiu adiar as mudanças na política de incentivos à maior economia do planeta, o real começou a ganhar força perante o dólar. Assim, o risco de a moeda norte-americana atingir os R$ 2,70, como previram os especialistas, foi afastado e a tendência, por enquanto, é de o dólar se acomodar entre R$ 2,20 e R$ 2,25, diminuindo o impacto na inflação, que atormentava o BC brasileiro.
A presidente Dilma, conforme interlocutores do Planalto, já teria consultado o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e o presidente do BC, Alexandre Tombini, para saber se há espaço, agora, para a correção nos preços da gasolina e do diesel. Os dois teriam avalizado o reajuste até meados de outubro. A perspectiva é de que, no caso da gasolina, o aumento para os consumidores fique entre 6% e 8%. "O martelo já foi levantado e será batido mais cedo do que muitos acreditam", destacou um assessor econômico da Presidência da República.
Eleições de 2014
A expectativa de Solange e de vários analistas é de que as medidas de estímulo do Fed à economia norte-americana se mantenham até dezembro, o que contribuirá para segurar a cotação do dólar em relação ao real. Nessas condições, segundo ela, é possível elevar o preço da gasolina entre 8% e 10% nas refinarias, o que provocará aumento de 0,2 ponto percentual no IPCA. Mesmo com esse impacto, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) encerrará o ano em 6%, abaixo do teto da meta.
A expectativa de Solange e de vários analistas é de que as medidas de estímulo do Fed à economia norte-americana se mantenham até dezembro, o que contribuirá para segurar a cotação do dólar em relação ao real. Nessas condições, segundo ela, é possível elevar o preço da gasolina entre 8% e 10% nas refinarias, o que provocará aumento de 0,2 ponto percentual no IPCA. Mesmo com esse impacto, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) encerrará o ano em 6%, abaixo do teto da meta.
O reajuste dos combustíveis neste momento teria um benefício extra para o Palácio do Planalto: evitar a má notícia em meados de 2014, quando a presidente Dilma Rousseff já estará em campanha aberta à reeleição. Além disso, destacou Solange, haverá outros fatores de pressão nos preços. "É melhor ter um pouco mais de inflação neste ano e menos no próximo", explicou.
Para o economista e diretor de gestão da Vetorial Asset, Pedro Paulo Silveira, a desaceleração do custo de vida e o aperto de caixa da Petrobras aumentam as possibilidades de reajuste neste momento.
Segundo o economista David Zylbersztajn, professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ) e ex-diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo (ANP), seria necessário elevar em 30% o preço do combustível para zerar a defasagem em relação ao mercado internacional, que prejudica a Petrobras.
Ele acredita, porém, que o reajuste da gasolina ficará bem abaixo disso, em torno de 10%. "Isso não vai resolver os problemas de caixa da estatal, apenas vai reduzir as perdas", afirmou. (Colaborou Diego Amorim) false false true Dólar mais fraco libera aumento da gasolina Dilma já consultou o ministro da Fazenda e o presidente do BC para bater o martelo sobre reajuste pedido pela Petrobras. Economistas dizem que recuperação do real ante a moeda norte-americana reduz a pressão sobre o custo de vida. Para consumidores, alta deve ficar entre 6% e 8%
Correio Braziliense
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