Embora a presidenciável Marina Silva não queira ouvir falar de plano B caso a Rede Sustentabilidade não saia do papel , a ex-senadora ainda precisa certificar 52 mil assinaturas no Ministério Público Federal (MPF) até segunda-feira (23), para criar o partido. As dificuldades em atingir o total de 492 mil endossos certificados de eleitores para formalizar a legenda está levando deputados federais interessados no novo partido a se aproximar do Partido Republicano da Ordem Social (PROS) e do Solidariedade.
Bem mais adiantadas nos preparativos, essas duas legendas aguardam a concessão de seu registro pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), tornando-se o 31º e 32º partidos do país, respectivamente. A decisão, que seria tomada nesta quinta-feira, foi adiada mais uma ves e voltará à pauta na próxima semana . As duas siglas iniciam agora uma verdadeira “caça” a parlamentares para compor bancadas próprias às vésperas das eleições de 2014 e, assim, obter minutos consistentes no horário eleitoral gratuito.
A avaliação de alguns deputados interessados na Rede é de que a dificuldade do partido não está apenas na validação de assinaturas, mas também na janela curta para validar o registro de filiação. A criação do partido de Marina pode ir a julgamento no TSE em 1º de outubro, caso cumpra a meta de 492 mil assinaturas entregues ao MPF.
A eventual aprovação da Rede pelos ministros do TSE nessa data dará ao partido apenas quatro dias úteis para inscrever seus filiados em tempo de concorrer em 2014. Joga contra Marina o fato de 5 de outubro, último dia para registrar as filiações, cair no sábado. Já o PROS e o Solidariedade podem ter até oito dias úteis se o TSE julgar os dois casos na próxima terça-feira (24).
A vantagem leva nomes até então dados como certos na Rede a repensar sua filiação. É o caso de Walter Feldman (PSDB-SP) e Miro Teixeira (PDT-RJ), que flertaram com a Rede de Marina e, agora, andam pelos cantos da Câmara conversando Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força (PDT-SP), criador do Solidariedade.
A expectativa do PROS e do Solidariedade é de que até 60 deputados se filiem a eles para aproveitar a brecha legal que permite mudar para novas legendas sem o risco de perda de mandato. Se eles mudassem para partidos existentes, o mandato poderia ser requerido na Justiça por seus partidos atuais com base na lei de fidelidade partidária.
Mudancistas
O número de deputados interessados no Solidariedade teria crescido de 30 para 35 nas últimas duas semanas, segundo articuladores do partido. O aumento ocorre em meio à percepção de que a Rede pode não sair do papel. Se o número se confirmar, Solidariedade pode nascer como a sétima força da Câmara – atrás apenas do PR (37 deputados) e à frente do DEM (27 parlamentares).
A arregimentação ocorre em jantares promovidos por colegas de Paulinho. O deputado Augusto Coutinho (DEM-PE) organizou um desses jantares em sua casa. Ele recebeu 30 convidados na última semana, quando ficaram acertados alguns nomes que comporiam os grupo de fundadores do Solidariedade.
Conforme apurou o iG , além de Coutinho, a bancada do Solidariedade contaria com os deputados Arthur Maia (PMDB-BA), Fernando Francischini (PEN-PR) e Laércio Oliveira (PR-SE). “Conversamos na casa do Coutinho e há a possibilidade de o Solidariedade ter deputados de vários partidos. No meu partido, a possibilidade de mudar é grande (em número de deputados)”, afirma um dos comensais.
Paulinho evita falar sobre o tema, mas colegas afirmam que ele está radiante com a perspectiva de romper de vez a relação estremecida com o presidente do PDT, o ex-ministro do Trabalho Carlos Lupi , com o qual vem se desentendendo.
Disputas estaduais
Já o PROS estima que pode atingir 20 deputados filiados na semana que encerra a brecha legal. O partido validou 510 mil assinaturas no TSE, onde já recebeu aval de cinco dos sete ministros. O PROS promete fazer oposição ao governo da presidente Dilma Rousseff.
A atração dos chamados “infiéis” é feita com a promessa de torná-los caciques regionais. “O presidente (do PROS) está me garantindo ser governador da Paraíba”, afirma Major Fábio (DEM-PB).
O ex-policial militar acertou a candidatura ao governo paraibano com o criador do PROS, Eurípedes Júnior – ex-vereador de Planaltina (GO), cidade no entorno de Brasília, que há quatro anos trabalha pela criação da nova legenda.
Já o Solidariedade conversa com o senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF) para compor chapa contra o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz. Rollemberg também conversa com integrantes da Rede para formar uma coalizão anti-Agnelo.
Em São Paulo, o Solidariedade dará apoio ao governador Geraldo Alckmin (PSDB-SP), em troca de um possível indicação de Paulinho para prefeito da capital paulista em 2016.
IG
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