Embora evite se colocar como candidato à disputa da Presidência em 2014, o senador mineiro Aécio Neves (PSDB) é tido dentro de seu partido como o nome mais cotado para a eleição do próximo ano. Apesar de as eleições ocorrerem apenas no segundo semestre de 2014, o parlamentar afirmou nesta sexta-feira, em Salvador, que a corrida presidencial já começou, adiantada pelo PT.
“Houve uma antecipação clara do processo eleitoral pelo ex-presidente (Luiz Inácio) Lula (da Silva) no momento em que ele lançou a presidente Dilma (Rousseff) como candidata. O papel da oposição é apresentar propostas e andar pelo País, e isso não se faz de Brasília. Temos uma candidata à Presidência que se move tendo em vista a eleição, que toma decisões através do marketing e usa a máquina pública para isso de uma forma acintosa.”
Seguindo a linha de criticar o governo atual, o tucano afirmou que o Brasil é um cemitério de obras inacabadas, tocado por gestores que apostam no crescimento resumido ao consumo, gerador de aumento de inflação e endividamento das famílias.
Apesar de falar sobre um novo projeto, Aécio Neves desconversou quando o assunto em pauta foi a expectativa dos brasileiros por menos benefícios para os parlamentares. Segundo ele, o foco do problema é a crise de representatividade que assola o sistema político do País, agravado pelo crescimento de legendas que trabalham em busca de interesses próprios e, não, dos da sociedade. “Eu não sei exatamente o que seriam menos benefícios”, desconversou.
Um dos maiores críticos do excesso de alianças feitas pelo PT em nome de uma pretensa governabilidade, Neves reafirmou a parceria com legendas como DEM, PSBe PPS, mas garantiu ser cedo para falar em formação de chapa.
“Não há distância ideológica significativa entre o PSDB e o PSB e somos aliados históricos em Estados como São Paulo e Minas Gerais”, disse. Mantendo o discurso agregador, o senador classificou como enriquecedora a possível candidatura do governador pernambucano Eduardo Campos (PSB) à Presidência, bem como a da ex-senadora Marina Silva, que ainda é uma incógnita. “O tempo vai dizer se, e em que momento, será possível nos encontrarmos com outras forças.”
Sobre a polêmica declaração do governador do Ceará, Cid Gomes (PSB), de que seu próprio partido será usado como “correia de transmissão” do PSDB no pleito de 2014, Aécio foi, mais uma vez, pacificador, afirmando que a declaração não merece muita importância.
Questionado sobre a decisão do Superior Tribunal Federal (STF) no caso do mensalão do PT, o tucano afirmou que o prolongamento do processo dá a entender que existem dois tipos de Justiça: uma que atende aos desassistidos e outra que atende aos poderosos. Para ela, a situação só pode ser evitada se o judiciário brasileiro encerrar a questão rapidamente. “Decisão de juiz, acata-se, mas tenho meu sentimento como cidadão”, afirmou.
Aécio chegou a Salvador logo após o almoço, acompanhado pelo líder do PSDB no senado, Aloysio Nunes (SP), e pelo presidente nacional do DEM, o também senador Agripino Maia (RN) e outros nomes da cúpula das duas legendas.
Disputa na Bahia deve unir oposição contra PT
A agenda de compromissos de Aécio na Bahia começou em um encontro com o prefeito da capital baiana, ACM Neto (DEM), onde foram discutidas questões ligadas à sucessão estadual.
A expectativa é que haja uma candidatura única contra o atual governo petista, que já colocou em pauta alguns possíveis candidatos, como o ex-presidente da Petrobrás José Sérgio Gabrielli, atual secretário de planejamento do Estado, e Rui Costa, que ocupa a Casa Civil.
A proposta corre o risco de naufragar como aconteceu em 2012, quando o PMDBbaiano saiu com candidato próprio, o radialista e ex-prefeito Mário Kertész, levando a disputa do Palácio Thomé de Souza para o segundo turno. Em termos práticos, a chance da presença do vice-presidente de pessoa jurídica da Caixa, Geddel Vieira Lima (PMDB), e do ex-governador Paulo Souto (DEM), é grande.
O senador mineiro receberia a imprensa às 16h, mas a coletiva foi atrasada por um desejo comum à maioria dos turistas: comer um acarajé. Com atraso de 30 minutos, Neves começou sua fala criticando a atuação petista na Presidência, que segundo ele, está sendo responsável pela perda gradativa de conquistas nacionais, como a estabilidade da economia e a credibilidade do país diante dos investidores estrangeiros.
Um dos exemplos citados foi a baixa presença do empresariado global em recentes processos licitatórios realizados pelo governo brasileiro, como a do trem bala que deve ligar o Rio a São Paulo.
Ainda na noite de hoje, Aécio e sua comitiva viajaram para Maceió, capital alagoana, onde devem abrir amanhã o primeiro de vários encontros regionais.
Eventos semelhantes acontecerão nos próximos sábados nas cidades de Curitiba (28), Manaus (5/10) e Goiânia (19/10). “Nós precisamos com urgência de um novo projeto de país, porque o PT já deixou claro que se contentou com um projeto de poder e é com isso que está comprometido”, alfinetou.
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