O governador Sérgio Cabral (PMDB) e o prefeito Eduardo Paes (PMDB) estiveram no final da manhã desta terça-feira no local atigindo pelo rompimento de uma adutora na estrada do Mendanha, em Campo Grande, zona oeste do Rio de Janeiro. "Estamos aqui em manifestação de solidariedade às famílias tomadas por este momento de pânico e terror. Qualquer coisa perdida será paga pela Cedae (Companhia Estadual de Águas e Esgotos), mas nenhuma perda material se compara à vida de uma criança", relatou Cabral, na sede do colégio municipal Casimiro de Abreu, próximo à área atingida e que está servindo de base provisória para os desabrigados e desalojados.
"A Cedae já iniciou um levantamento para averiguar hotéis na região. Eles ficarão hospedados pelo tempo que for necessário", completou o governador, interrompido por alguns moradores, que hostilizavam Cabral e Paes pedindo "melhorias no Medanha agora".
De acordo com o coronel Sérgio Simões, secretario estadual de Defesa Civil, o rompimento da adutora teve um efeito semelhante ao ocorrido na região serrana do Rio na tragédia de 2011. "Aqui o efeito foi mais devastador porque a força da água foi muito grande, todas as casas atingidas, que estavam na direção do vazamento, foram totalmente destruídas", colocou.
Antes da chegada da comitiva ao bairro, o morador Pedro Ernesto, 50 anos, nascido e criado em Campos Grande, avisou que seria "melhor colocarem um batalhão para proteger o governador, porque vão querer cair de porrada em cima dele". Ernesto contou que o que aconteceu foi uma "tragédia anunciada". "Qualquer chuva aqui é um caos, imagina com esse tsunami?", questionou.
"Era algo que todo mundo sabe como é, enquanto tem político viajando de jatinho para Paris, a gente vive aqui nesse inferno", reclamou o morador sobre a área alagada, que é uma baixada. A declaracão é uma ironia à polêmica viagem do governador, junto de secretários, à capital francesa acompanhado do ex-dono da construtora Delta, Fernando Cavendish.
A força da água destruiu casas e veículos e provocou a morte de Isabela Severo da Silva, três anos. A criança engoliu muita água e chegou a receber massagem cardíaca dos bombeiros que a socorreram. Ela foi encaminhada com parada cardiorrespiratória para o Hospital Rocha Faria, no mesmo bairro, mas morreu às 8h25.
Segundo o Corpo de Bombeiros, outras 15 pessoas ficaram feridas. Nove foram encaminhadas para o Hospital Rocha Faria e seis atendidas e liberadas no local. O jato d'água chegou a atingir 20 metros de altura. Um balanço parcial da corporação informou que 16 casas foram atingidas e outras 17 desabaram. Além disso, há em torno de 72 desabrigados e 70 desalojados.
Terra
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