Ao dizer em artigo ao “The New York Times” que os movimentos nas ruas em junho são resultado das conquistas sociais, econômicas e políticas obtidas nos últimos anos, o ex-presidente Lula ignora a crise de representação política no país, agravada durante o seu governo, na avaliação de especialistas. Em artigo publicado anteontem no jornal americano, Lula citou a redução da pobreza, o aumento do acesso à universidade e a bens de consumo como elementos capazes de fazer com que os jovens “desejassem mais”. Não citou, porém, casos de corrupção envolvendo integrantes de seu governo. O tom do texto segue o mesmo tom da recente campanha dos 10 anos do PT, conduzida pelo marqueteiro João Santana, baseada na ideia de que jovens precisam de apoio para aplicar o que aprenderam nas universidades e melhorar a qualidade dos serviços a que agora passaram a ter acesso.
- De fato houve uma melhora da qualidade de vida da população, algo que começou no governo FH e se aprofundou no governo Lula. Mas não obtivemos uma melhora nos serviços ou uma redução da corrupção que tivesse acompanhado essa melhora do ponto de vista econômico, o que acarretou nas manifestações. O governo tem uma parcela de responsabilidade que não foi considerada (no artigo) – disse Cláudio Couto, cientista político da Fundação Getulio Vargas, para quem é natural que Lula tente assumir a dianteira do processo político vivido no país.
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