segunda-feira, 6 de maio de 2013

Ceará prende 9 vezes mais corruptos que o resto do Brasil


O Ceará é a exceção e o exemplo: o Estado tem 9 vezes mais presos por corrupção do que seria o esperado. Apenas 3,4% dos presos no Brasil estão cumprindo pena em presídios cearenses. Mas a proporção pula para 30% quando só se leva em conta os 2.703 corruptos e corruptores presos no país.
Nenhum outro Estado brasileiro tem tantos presos por corrupção quanto o Ceará. São 820, dos quais 813 são funcionários públicos acusados de cometer peculato (apropriação ou desvio de bens públicos durante o exercício do cargo). O segundo colocado no ranking, São Paulo, tem 42 corruptos presos a menos, embora tenha 11 vezes mais presidiários, de modo geral, do que o Ceará.
A relação fica ainda mais crítica se considerarmos que metade dos presos por crimes contra a administração pública em São Paulo não são funcionários corruptos, mas contrabandistas.
Tende ao ridículo especular que os cearenses sejam 9 vezes mais corruptos, por natureza, do que o resto do Brasil. O mais provável é que falte nos outros Estados brasileiros a mesma disposição e capacidade de combater a corrupção encarcerando os condenados por crimes contra a administração pública. Mesmo o fenômeno cearense é recente. Vem de dois ou três anos, apenas.
Os números do InfoPen (Ministério da Justiça) mostram que o combate à corrupção depende de vontade política dos governantes, da capacidade investigativa do Ministério Público e da polícia, e da disposição do Judiciário de dar celeridade ao julgamento dos casos que envolvem o interesse público.
Se o grau de corrupção no Ceará é representativo do que acontece no Brasil, pode-se estimar o que aconteceria no país se todos os Estados tivessem o mesmo empenho cearense. Para começar, haveria 9 vezes mais presos por corrupção no Brasil, ou 21,5 mil a mais do que existem hoje nas cadeias, presídios e penitenciárias. Mas alguns Estados teriam que apenar mais do que outros.
O Rio de Janeiro teria que encarcerar 11 vezes mais corruptos do que tem hoje nas suas cadeias. O Maranhão teria que multiplicar por 27 os presos por corrupção; a Bahia, por 52; o Rio Grande do Norte, por 105. E Sergipe teria que, para começar, prender algum.

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