O texto destacará a necessidade da transparência absoluta em relação a todos os atos. Uma das sugestões, inclusive, mencionada por Randolfe, é a criação de uma mesa paritária para acompanhar todas as decisões da Mesa Diretora. “A nossa ideia é que o Senado crie um comitê paritário gestor para acompanhar tudo o que ocorre no Senado. É necessário criar mecanismos para que o povo acesse detalhadamente todas as despesas da Casa. Precisamos divulgar quanto o Senado, por exemplo, gasta na manutenção dos gabinetes e qual é o custo administrativo.” O senador ressalta outro ponto em relação à transparência que deve constar no “manual”. “O presidente do Senado deve detalhar todos os seus bens e também os de familiares, incluindo mulher e ex-mulher. No Brasil, há o péssimo exemplo de transferir o patrimônio para o nome de parentes.” Ainda sem nome oficial, Randolfe sugere que o documento seja intitulado Plataforma republicana para o Senado Federal.
Cristovam Buarque salienta que um dos pontos mais importantes do texto é o que trata da independência do Senado em relação aos poderes Executivo e Judiciário. O parlamentar defende uma agenda própria que trate de temas relevantes para o país. “Estamos propondo que a gente decida logo como vão ser as votações das medidas provisórias. Precisamos de agilidade para que também a Justiça não se meta.” Um trecho do documento vai tocar num ponto delicado: a necessidade de reformulação das ações da consultoria jurídica da Casa. “Ou ela é muito ruim, ou é subordinada às decisões políticas dos dirigentes da Casa, justificando o que não é legal. Não pode ser incompetente com o salário que a gente paga. A questão do acúmulo dos vetos presidenciais que não foram votados é um absurdo que não pode se repetir”, afirmou.
Buarque lembrou que o documento pede que “erros” sejam evitados para não desmoralizar a imagem do Senado e de seus membros. “Vamos citar o caso do Imposto de Renda não cobrado dos senadores durante todo esse tempo (referente aos 14º e 15º salários). Um erro que prejudicou muito a imagem de cada um de nós. A solução encontrada, com o próprio Senado cobrindo a dívida, também foi totalmente equivocada”, destacou. O parlamentar comunicou que a carta vai sugerir a criação de mecanismos para que o povo tenha acesso irrestrito aos atos da Casa. “Todo o conhecimento gerado aqui precisa ser transmitido.”
“Constrangimento”
Questionado se o documento é um manifesto contra a candidatura ainda não oficializada de Renan Calheiros, Cristovam disse que não. “Ele, inclusive, pode assinar. Ele pode querer construir uma boa imagem. Encontrei com o Renan num evento de fim de ano e perguntei quais eram as propostas como candidato à Presidência do Senado. Ele me respondeu que nem sabia se era candidato. Na Câmara, já há candidatos e a eleição está em ebulição. No Senado, nós nem sabemos quem são os candidatos e ainda há o constrangimento de votar com o cabresto, sem saber qual é o programa. A situação do Parlamento não está boa”, avaliou. O senador informou que o principal objetivo das “sugestões” é gerar debate. “É isso o que queremos. Queremos debater nem que seja pela internet. Só vamos nos encontrar em 1º de fevereiro, justamente o dia da votação.”
O senador preferiu não adiantar quais os outros parlamentares, além dele próprio e de Randolfe, que vão assinar o texto. O documento foi enviado ontem a outros cinco senadores para sugestões e ajustes. Os senadores Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), Pedro Simon (PMDB-RS), Pedro Taques (PDT-MT) e Rodrigo Rollemberg (PSB-DF) devem subscrever as sugestões.
EM
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