sábado, 5 de janeiro de 2013

PT sem previsão para discutir aliança


No que depender de consenso entre lideranças do Partido dos Trabalhadores (PT), a posição sobre a continuidade ou não da aliança com o Partido Socialista Brasileiro (PSB) no cenário estadual deve continuar sendo levado em banho-maria pela legenda. Com reunião agendada para a próxima segunda-feira, embora não tenha sido efetivamente confirmada, membros da executiva estadual ainda não sabem se o tema será abordado na ocasião tampouco se a presidente licenciada do PT no Ceará, ex-prefeita Luizianne Lins, comparecerá ao encontro.

De acordo com o deputado federal José Guimarães (PT), o partido tem que debater os tópicos abordados no encontro do diretório nacional, que ocorreu no final do ano passado. O parlamentar garante que, até o momento, não se discutiu nada sobre o resultado das eleições nos municípios cearenses.

Ainda segundo Guimarães, faz-se necessário que o PT realize um balanço do desempenho da legenda, que está há 10 anos à frente do Executivo federal. "Vamos fazer o debate, a palavra de ordem é mobilização do PT em 2013", apontou. O deputado também disse não querer entrar na "polêmica" de questionar se a executiva estadual estaria atrasada em puxar a avaliação no Ceará. "Toda hora é hora de discutir", resumiu.

Erros
Na última semana, o presidente nacional do PT, Rui Falcão, declarou que o partido cometeu alguns erros estratégicos em relação à disputa eleitoral do ano passado, dentre os quais a falta de manejo para firmar algumas alianças partidárias. O assunto também já havia sido pautado no encontro nacional do PT, que considerou este ponto um dos motivos da derrota em algumas capitais do País.

Questionado sobre a atuação da sigla em Fortaleza, o deputado José Guimarães esclarece que uma das razões do resultado do PT nas últimas eleições da Capital cearense foi a falta de articulação com outras agremiações partidárias. O parlamentar acrescenta que houve o agravante de disputar a Prefeitura com um partido da base aliada do Governo Federal, o PSB do governador Cid Gomes.

Para Guimarães, é imprescindível que a executiva estadual paute a discussão sobre a aliança com o PSB no Estado, até para resolver o mal estar entre alguns correligionários, tendo em vista a divergência sobre o tema. "Claro que (a reunião) vai discutir, partido tem alianças com PSB no Estado", garantiu.

Já o primeiro vice-presidente da executiva estadual do PT, Joaquim Cartaxo, vai no caminho oposto do deputado e afirma que essa polêmica ainda não deverá ser encarada pelo partido neste momento. Para ele, há aspectos mais relevantes a serem discutidos durante a reunião que o PT estadual realiza nesta segunda-feira. "Seria irresponsabilidade política decidir isso em apenas uma reunião", opina o dirigente petista.

Movimentação

Ainda segundo Joaquim Cartaxo, não há uma movimentação significativa no partido para o rompimento da aliança com o PSB no âmbito estadual. "Pode ter alguém que queira discutir (a aliança com o PSB), mas eu não defendo isso", expôs. Para o dirigente, é preciso que o PT do Ceará faça uma adesão às bandeiras debatidas nacionalmente, como o financiamento público de campanha, proposto na reforma política, balanço dos 10 anos do PT no Governo Federal, renovação das lideranças nas executivas estaduais e realização do congresso nacional do partido em 2014.

Sobre o fato de o PT estadual ainda não ter realizado um balanço das eleições municipais no Ceará, Cartaxo minimizou o assunto, apesar de ressaltar que a legenda conseguiu ampliar o número de prefeituras sob seu comando no Estado. "Avaliação eleitoral não muda o resultado", respondeu. Durante a licença da presidente da executiva estadual do PT, Luizianne Lins, que deve durar um mês, Joaquim Cartaxo assumirá a presidência da legenda no Estado.

Acompanhamento
Por sua vez, o deputado José Guimarães acredita que a executiva estadual deve aproximar-se dos prefeitos do PT eleitos no Estado para fazer um acompanhamento dessas administrações públicas. "O partido tem que acompanhar as gestões dos prefeitos, pois queremos que elas sejam referência no Estado", justificou.

No que se refere ao resultado da Capital, Joaquim Cartaxo informa que o assunto é responsabilidade exclusiva da executiva municipal. "Apesar de ser a cidade mais importante do Estado, na lógica do PT, que é um partido democrático, não podemos impor uma decisão à executiva municipal", explicou.

Tanto Guimarães como Cartaxo concordam que é fundamental o partido discutir um projeto político para Fortaleza, levando-se em conta que 47% do eleitorado escolheu votar no candidato do PT nas últimas eleições para prefeito da Capital. "Cabe ao PT administrar essa porcentagem que optou pelo projeto petista", declara Joaquim Cartaxo.

SAIBA MAIS
Diálogo
O PT da ex-prefeita Luizianne Lins e o PSB do governador Cid Gomes romperam a aliança em Fortaleza após os pessebistas alegarem falta de diálogo dos petistas para definir o candidato à prefeitura.

Apoio
O PT não abriu mão da indicação de Elmano de Freitas. O PSB decidiu, então, com apoio de outros partidos, lançar candidatura própria, elegendo Roberto Cláudio como prefeito.

Rompimento
Apesar do rompimento no âmbito municipal, alguns petistas continuaram à frente de secretarias do governo Cid Gomes. Algumas lideranças no PT defendem o rompimento da aliança com o PSB também na esfera estadual. 


Diário do Nordeste

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