O deputado Ronaldo Fonseca (PR-DF), candidato à Presidência da Câmara, diz ter constatado que a imagem da Câmara e dos próprios deputados chegou ao “fundo do poço”, devido ao descompasso que existe entre o Parlamento e a sociedade. “Os deputados estão com vergonha do bóton”, disse em entrevista ao iG , referindo-se ao broche utilizado pelos parlamentares que indica a função.
“Nós chegamos ao fundo do poço”, declarou o deputado, que defende uma reforma institucional capaz de recuperar o prestígio do Legislativo perante a sociedade. “Estamos na contramão da sociedade”, destacou. Fonseca, que não usava o bóton no momento da entrevista ao iG , se explicou: "Eu estou sem o bóton porque perdi na entrada aqui. Mas eu carrego o bóton".
A candidatura de Fonseca faz parte da estratégia contrária ao acordo que garante ao PMDB o comando da Câmara e do Senado nos dois próximos anos. No entanto, o apoio dos evangélicos e de setores insatisfeitos com a hegemonia dos peemedebistas no Legislativo vem dando corpo à estratégia de levar a disputa para o segundo turno e de derrotar o candidato favorito, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN).
Fonseca acredita que tem como grande aliado o voto secreto. Em sua opinião, essa condição faz com que, na hora da escolha, os deputados votem mais de acordo com suas convicções e não de acordo com as indicações partidárias. “Os acordos feitos por partidos não se refletem nas urnas. Quem vota não é o partido, é o deputado”, ressalvou.
“Somos quatro candidatos e eu me atrevo a dizer que nenhum dos quatro tem hegemonia dentro de seu partido, ou vai receber votos fechados desse ou daquele partido”, argumentou o deputado, sobre os acordos fechados com as cúpulas de nove partidos pelo candidato Henrique Eduardo Alves.
Integrante da bancada evangélica, Fonseca disse que não deixará de pautar debates sobre questões polêmicas de cunho moral, que acabam colocando religiosos e progressistas em lados opostos nas discussões. Entre essas questões, estão direitos de mulheres, homossexuais, direitos reprodutivos e outros.
“Ao contrário, o que eu quero é ampliar o debate”, disse. “Não serei um presidente engavetador”, destacou o deputado, que diz ver uma omissão do Legislativo. Isso tem provocado, em sua opinião, uma corrida ao Judiciário.
Fonseca disse também que a Câmara deve uma explicação sobre o pagamento do 14º e 15º salários. Para ele, esses pagamentos devem-se a uma prática clientelista presente na política brasileira. “ Deputado federal que enrica com seu mandato, desconfie dele”, destacou.
O deputado também defendeu a permanência das emendas parlamentares individuais e sugere ainda que metade delas tenha caráter impositivo, ou seja, que o Executivo tenha a obrigação de cumpri-las.
“O que não pode ter é essa relação promíscua entre deputados e o Executivo”, comentou. “ Emenda parlamentar não pode ser o espaço de corrupção do deputado”, destacou.
IG
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