sábado, 26 de janeiro de 2013

Imposição de comportamento a petistas foi o que desconstruiu o PT


José Dirceu, em recente artigo, acusa a imprensa e as oposições de pretenderem desconstruir o PT. Com todo o respeito às agruras do ex-ministro e deixando que PSDB e penduricalhos respondam por eles, vale registrar a injustiça praticada contra a mídia. Não somos nós que erodimos o PT: é o  partido que se desconstrói.
                                                        Quando fundado, vinte e três anos atrás, o PT entusiasmou meio mundo. Seria uma legenda diferente,  despojada dos vícios que caracterizavam o quadro partidário, empenhada na construção de um país novo.
                                                        Não apenas os trabalhadores e os jovens aderiram.  Houve grande adesão à proposta nos planos filosófico e ideológico. A chamada intelectualidade aplaudiu a promessa de uma sociedade mais justa, mais fraterna, mais igualitária. Relevou-se, até, certo desconforto diante do sectarismo de alguns dos fundadores.
                                                        O diabo é que o  radicalismo  foi crescendo até a imposição de um comportamento automático a todos os companheiros. Diretrizes viraram ucasses.   Começaram as expulsões e as defecções. Estas,  até, em maior número. O que era para ser um fórum de debates virou um batalhão em ordem unida. Qualquer passo errado significava desligamento. A Igreja pediu para sair, cientistas, escritores e profissionais liberais escafederam-se, em grande parte. Parlamentares, também. Em nome da pureza dogmática sufocaram as divergências e as discussões. 
                                                        Adiantou muito pouco o PT fatiar-se em grupos variados. Todos são obrigados a reger a mesma partitura, deixando a impressão de que se dividiram apenas para cuidar do espólio, depois de  alcançarem  o poder.
                                                        Assim, dr. Dirceu, não somos nós, da imprensa, a desconstruir o PT. É o próprio partido, cultor do Manifesto Antropofágico.

Por Carlos Chagas

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