O relator do processo do mensalão no STF (Supremo Tribunal Federal), Joaquim Barbosa, pediu a condenação do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu e de outros sete réus envolvidos no esquema, na sessão desta quarta-feira (3), pelo crime de corrupção ativa. Segundo Barbosa, Dirceu participou diretamente das negociações para a obtenção de empréstimos pelo publicitário Marcos Valério, recursos que serviram para viabilizar o mensalão --compra de apoio parlamentar durante o primeiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva. Foram absolvidos o ex-ministro dos Transportes Anderson Adauto e Geiza Dias, ex-funcionária de Valério.
O revisor do processo, Ricardo Lewandowski, proferiu parte de seu voto hoje, mas ainda não se pronunciou sobre Dirceu.
Ao condenar Dirceu, Barbosa disse que ele tinha papel central no esquema do mensalão. "O conjunto das provas coloca o então ministro em posição central (...) como mandante das promessas de pagamentos indevidos aos parlamentares", disse o relator. Segundo Barbosa, contrariando a tese da defesa do ex-ministro, os elementos analisados no processo "derrubam de vez a tese de que José Dirceu não tinha relação com Marcos Valério". "José Dirceu matinha proximidade e influência superlativa sobre os demais corréus, especialmente os dos núcleos publicitário e financeiro", afirmou.
O relator também pediu as condenações de Valério e de Delúbio Soares, tesoureiro do partido à época do escândalo, e José Genoino, ex-presidente da sigla. Os dois aparecem como avalistas de empréstimos milionários feitos por Valério, que serviu para alimentar repasses a legendas da base aliada. Para Barbosa, Genoino "sem dúvida" participou do "acordo criminoso (...) entre os acusados e os parlamentares que receberam os repasses".
Delúbio e Valério, por sua vez, agiram em parceria. Enquanto de Delúbio "partia o comando final sobre quem devia receber os valores", a Valério cabia "a engenharia criminosa [dos empréstimos milionários] no Banco Rural", nas palavras do relator. Tudo com o conhecimento do ex-ministro, afirma Barbosa. "Dirceu efetivamente comandou a atuação de Marcos Valério e Delúbio Soares. Entender que Marcos Valério e Delúbio agiram sozinhos (...) é inadmissível."
Além de condenar os petistas, o relator votou também pela punição do Valério e dos seus ex-sócios,Ramon Hollerbach e Cristiano Paz, além de Rogério Tolentino, advogado de Valério, e da ex-funcionária da agência SMP&B Simone Vasconcelos. Barbosa, porém, pediu a absolvição de Geiza Dias, outra ex-funcionária da SMP&B, e do ex-ministro dos Transportes e atual prefeito de Uberaba, Anderson Adauto.
O grupo ligado a Valério já foi condenado em outras fases do julgamento por peculato, corrupção ativa (em relação a outros réus) e lavagem de dinheiro.
UOL
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