A decisão do Supremo Tribunal Federal de que o mensalão serviu para a compra de votos no Congresso deixa poucas dúvidas sobre a condenação dos réus acusados de corrupção ativa: José Dirceu, José Genoíno, Delúbio Soares e outros. É a desmoralização do argumento de que o dinheiro servia para pagar despesas de campanhas eleitorais anteriores. Foi ação de bandoleiros, como votou o ministro Celso Mello.
A projeção que se faz a partir dessa evidência refere-se menos ao futuro dos mensaleiros, hóspedes garantidos de cadeias públicas, mais à sorte do PT daqui por diante. As sentenças ainda incompletas poderão influir nas eleições de domingo, mas serão muito mais perigosas no segundo turno, dia 28.
É claro que os companheiros ainda dispõem de seu grande trunfo, o ex-presidente Lula, mas o tecido do partido parece esgarçado. Os candidatos contrários aos poucos que o PT conseguir apresentar na rodada decisiva encontraram desde já um denominador comum para seus palanques: o mensalão. Claro que outros fatores pesarão para o eleitor definir-se, entre eles o perfil e as qualidades dos indicados. Ficará impossível, porém, que os petistas venham a ignorar o escândalo, deixando de emitir suas opiniões, presumidas sem muita consistência.
Quanto a 2014, é outra história. A presidente Dilma, sem maiores convicções partidárias, sabe que a reeleição dependerá muito mais dela. Mantidos na segunda metade do governo os conceitos de ótimo e bom para sua administração, estará a um passo da vitória, mesmo se na campanha futura o mensalão vier a constituir-se num dos grandes temas em debate. Sua reeleição, porém, servirá para o PT manter a condição de maior bancada na Câmara? Para aumentar sua representação no Senado? Dificilmente. Vale o mesmo para os governos estaduais, onde o partido já não se destaca em número de governadores. Hoje tem três, não propriamente em estados de importância política ou econômica. Em suma, estão em xeque o PT e seu futuro.
Por Carlos Chagas
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