Nas eleições municipais em outubro deste ano, 222 candidatos resolveram escolher nomes de urna –-aquele que aparece na urna eletrônica–- iguais aos de três campeões em eleições anteriores. Ao todo, 106 políticos escolheram Lula, 68 candidatas escolheram Dilma e 48 optaram por Tiririca como o nome de urna, de acordo com dados do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
Segundo a Justiça Eleitoral, os candidatos podem escolher o nome de urna que quiserem, seja um apelido ou nome próprio. Em 2002 e 2006, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi eleito e reeleito utilizando como nome na urna apenas Lula.
Em 2010, a presidente Dilma Rousseff se elegeu com o nome de urna Dilma. No mesmo ano, o palhaço Francisco Everardo Oliveira Silva foi eleito o deputado federal mais votado do Brasil, com 1.353.367 votos, utilizando o nome de Tiririca, pelo qual já era famoso antes das eleições.
Efeito Tiririca
Neste ano, as "Dilmas", "Lulas" e "Tiriricas" não são necessariamente homônimos dos políticos famosos. Em Frutal (MG), o tratorista e candidato à Câmara Valdemir Siqueira da Silva (PT), 34, não teve dúvidas na hora de escolher Tiririca como seu nome de urna.
“Quando cheguei na cidade [ele nasceu em Itaíba, Pernambuco] adolescente com minha família, uns 20 anos atrás, um colega me achou parecido com o Tiririca, que na época fazia sucesso, e me deu logo o apelido”, afirma Silva. “Aí pegou. Todo mundo me conhece como Tiririca aqui em Frutal."
O presidente do PT na cidade, Walter Mattos, logo viu o potencial de puxador de votos para a sigla e convidou Tiririca para ser candidato. “Escolhi para ele o número 13100, que é um dos melhores em termos de facilidade de memorização”, afirma Mattos, que também é candidato e escolheu para si o número 13000.
“A expectativa é que o nome ajude o rapaz a se eleger e puxar votos sim, mas se servir só para elegê-lo já está ótimo”, diz o político.
“Acho que deve ajudar, na hora das pessoas lembrarem que sou candidato e votar em mim”, diz Silva. “Se o partido achar que é o caso, estou disposto até a vestir uma fantasia de palhaço durante a campanha, igual ao Tiririca mesmo”, diz o candidato.
Coincidência
Em Montes Claros (MG), a cabelereira Maria Aparecida Francisca de Oliveira (PSD), 42, tenta uma vaga na Câmara com o nome de urna Dilma. “Esse é meu apelido”, diz ela. “Se eu colocasse outro nome de urna, as pessoas não iam reconhecer”, afirma.
Apesar da falta de semelhança entre seu nome verdadeiro e o nome de urna, a candidata afirma que Dilma é “um apelido de infância”. “Nem pensei nisso [o nome ser igual ao da presidente da República] na hora de escolher o nome de urna. Acho que não vai me atrapalhar, mas também não sei se ajuda a ganhar votos não”, diz a candidata.
Ela concorrerá com o técnico de eletricidade Edson Luiz Araújo (PRP), 44, o "Lula" de Montes Claros. “O Lula é por causa do Luiz no meu nome”, afirma o candidato. “Sou um grande fã do ex-presidente Lula, e fico muito feliz de ter o mesmo apelido que ele, mas é uma coincidência”, diz o candidato.
Apesar disso, ele admite que a “coincidência” pesou na escolha do nome de urna, e que vai ajudar nas eleições. “Estou animado com isso sim. A lembrança do ex-presidente vai ajudar a gravar meu nome e número, com certeza”, afirma.
Dos 106 candidatos com nome de urna Lula neste ano, quatro são candidatos a prefeito, cinco a vice e o restante a vereador. Das ‘Dilmas’, apenas uma tenta a prefeitura, o restante é candidata ao cargo de vereadora. Dentre os ‘Tiriricas’, um concorre a vice, os outros a vereador.
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