A CPI Mista que investiga as relações do contraventor Carlinhos Cachoeira com agentes públicos e privados retomará o calendário de depoimentos na segunda semana de agosto. Na terça-feira, dia 7, serão ouvidos a mulher de Carlinhos Cachoeira, Andressa Mendonça, e o agente aposentado da Polícia Federal Joaquim Gomes Thomé Neto, acusado de interceptar e-mails a pedido de Cachoeira.
Na quarta-feira, dia 8, é a vez da ex-mulher do contraventor, Andréa Aprígio, e Rubmaier Ferreira de Carvalho, acusado de ser o contador de empresas de fachada de Carlinhos Cachoeira.
O relator da CPI, deputado Odair Cunha, do PT de Minas Gerais, explica por que essas pessoas foram chamadas a prestar depoimento:
"Essas pessoas que nós vamos ouvir no início do nosso trabalho têm a ver com essa atividades: empresas fantasmas, arapongagem, núcleo da organização criminosa e os bens que essa organização acumulou durante esse período".
Apesar de ainda não terem data marcada, é grande a expectativa para os depoimentos do ex-diretor do Dnit, Luiz Antonio Pagot, que poderia explicar o desvio de verba do órgão público para o esquema de Cachoeira; e de Fernando Cavendish, ex-presidente da Delta, construtora apontada como uma das principais empresas do esquema do contraventor. O vice-presidente da CPI Mista, deputado Paulo Teixeira, do PT de São Paulo, diz que os depoimentos são importantes, mas o trabalho da comissão vai além.
"Uma CPI não depende apenas de depoimentos. Ela depende da sua capacidade investigativa. Porque ela conseguiu obter a quebra e sigilos, ela consegue também tecnicamente fazer os cruzamentos e, assim, ela pode produzir as provas pra além dos depoimentos. Então nós esperamos que as pessoas falem, mas que também consigamos resultados com investigação própria independente dos depoimentos."
Mas o líder do PSDB na Câmara, Bruno Araújo, de Pernambuco, afirma que o retardamento dos depoimentos de Pagot e Cavendish já provocou danos ao andamento dos trabalhos da CPI. O líder do PSDB também avalia que o erro da CPI até este momento é se concentrar, por motivos políticos, nos contratos da Delta com o Estado de Goiás, governado pelo PSDB, que são 6% do total de operações da contrutora.
"E essa operação da Delta representa mais de 94% de todo o seu faturamento, obras de outros estados e do próprio governo federal que vão além do estado de Goiás. De modo que, seguramente, esse foco tem que ser dado, sobretudo nesse momento onde se inicia todo o processo de julgamento do mensalão, dividir essas atividades com o estado de Goiás, que tem sido o centro das investigações, quando de fato o grande prejuízo ao patrimônio público tem apontado para a relação da Delta com o governo federal."
Mas o relator da CPI, Odair Cunha, afirma que a organização criminosa está intimamente ligada a Goiás e que com a investigação de lá será possível entender o esquema de corrupção de Cachoeira. Ele também comentou sobre suas expectativas do futuro depoimento de Fernando Cavendish.
"Eu espero que ele exerça o direito de defesa e a sua defesa seja feita exatamente na medida em que ele venha, contribua e fale. Nossa expectativa é que as pessoas contribuam e falando como participaram se participaram e se envolveram com a organização criminosa."
Segundo o relator, o relatório final da CPI Mista está previsto para o início de outubro.
Agência Câmara
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