Em visita oficial ao Ceará para divulgar ações de combate à desertificação, a angolana Leila Lopes, Miss Universo 2011 e embaixadora da Convenção das Nações Unidas para o Combate à Desertificação (UNCCD), passou a manhã desta terça-feira (19), na comunidade de Iguaçu, no município de Canindé, que vive próxima à microbacia do Rio Cangati.
O objetivo da visita foi conhecer melhor as ações do Programa de Desenvolvimento Hidroambiental (PRODHAM), que recuperou o solo, a vegetação e a qualidade da água na comunidade. O programa, lançado em 1999 pela Secretaria de Recursos Hídricos do Estado do Ceará (SRH) em parceria com a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), foi implementado numa área de sete mil hectares.
“Acredito que estas ações devem ser compartilhadas para outros estados e outros países que possuem regiões áridas. Temos que mostrar esses resultados para que as pessoas vejam o quanto é importante cuidar do nosso planeta”, disse a Miss, após conversar por mais de duas horas com crianças e líderes comunitários da localidade.
Intervenções
Após assistir a uma apresentação sobre o PRODHAM na creche Moisés Alves Furtado, a embaixadora da UNCCD foi a campo, sob sol a pino, ver as intervenções do programa, como terraços verdes, cordões de contorno, barragens de pedra sucessivas, barragens subterrâneas, cisternas e poços profundos, todas com a finalidade de evitar perdas de solo e água. Ela escutou atentamente todas às explicações dos técnicos e das lideranças comunitárias envolvidos no programa.
De acordo com o engenheiro agrônomo Ricardo Marques, da SRH, a característica mais importante do programa é a participação e o envolvimento da população local. “Mais do que ensiná-los a construir uma barragem sucessiva, por exemplo, é fundamental conscientizá-los da importância de manter as estruturas funcionando e evitar as práticas que danificam o solo, como as queimadas”, explica.
Para a chefe do departamento de Recursos Ambientais da Funceme, Margareth Carvalho, a presença de Leila Lopes na microbacia do Rio Cangati é necessária para mostrar ao mundo que há soluções capazes de diminuir os impactos da desertificação. “Esses benefícios não podem ficar apenas na comunidade. As pessoas têm que conhecer e divulgar essas ações para que outras populações possam ser contempladas com essas melhorias”.
Recuperação evidente
Em 2001, o agricultor Antônio Napoleão Furtado foi convidado a participar das reuniões do PRODHAM. Rapidamente, ele entendeu a relevância daquilo que estava começando a acontecer na comunidade e participou de forma ativa das ações do programa. “Antes, era tudo seco e morto aqui. A gente não tinha essa cultura de preservar o solo. Aos poucos, com as construções das barreiras de contenção, as coisas foram mudando. Lembro que havia um tempo em que eu e minha mulher andávamos seis quilômetros para buscar água, trazendo na cabeça. Hoje, está a cinco metros”, relembra o agricultor.
Segundo ele, após 11 anos o cenário mudou e isso é uma forma de a natureza agradecer. “Agora, temos mais água no subsolo e o solo não sofre mais erosão. A água fica presa nos cordões de pedra e já nasceram seis olhos d’água. Isso melhorou a vegetação e trouxe até os bichos de volta. Hoje, a gente vê novamente tatu, peba e tamanduá, coisa que era rara há algum tempo”, comemora Napoleã
Assessor de Comunicação da Funceme
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